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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 621<br />

Na região entre os rios Tapajós e Madeira, no labirinto formado<br />

<strong>pelo</strong>s lagos e canais da grande ilha de Tupinambarana , 194 moram<br />

os índios mundurucus, que são os mais guerreiros da Amazônia. Constituem,<br />

assim o creio, a única nação perfeitamente tatuada da América do<br />

Sul: as suas tatuagens estendem-se-lhes por todo o corpo; fazem-nas, picando<br />

a pele com a ponta de um espinho da palmeira pupunha, esfregando<br />

nelas, em seguida, a fuligem de breu queimado, a qual produz<br />

uma indelével tinta de cor azulada.<br />

Constroem as cabanas com paredes de barro, em aldeias regulares.<br />

Em cada aldeia, há uma grande casa, que serve de quartel ou<br />

de fortaleza, onde todos os homens passam a noite, armados de arco e<br />

flecha, prontos para qualquer emergência, em caso de alarme.<br />

Tal casa tem em derredor, <strong>pelo</strong> lado de dentro, cabeças secas<br />

dos inimigos que abateram.<br />

Enfumaçam e secam as cabeças, preservando-as, de modo que<br />

elas guardam, do modo mais perfeito possível, as feições e os cabelos.<br />

Fazem guerra, todos os anos, à tribo vizinha, os parintintins,<br />

195 para tomar-lhes as mulheres e as crianças, que são conservadas<br />

como escravas.<br />

Preservam somente as cabeças dos homens.<br />

Fazem boas canoas e tecem boas redes.<br />

Vivem principalmente da caça, porém são muito dados à agricultura,<br />

fazem farinha em grande quantidade e plantam muitas árvores<br />

frutíferas.<br />

Cada homem tem a sua mulher e cada aldeia o seu chefe.<br />

O cravo, ou noz-moscada silvestre, e a farinha que fabricam,<br />

constituem os principais artigos do seu comércio.<br />

Em troca das mesmas, recebem tecidos de algodão, ferramentas,<br />

sal, colares, etc.<br />

194 No original, “island of the tupinambarános”. Como, porém, se pode ler em<br />

“Amazonia” (pág. 257), de Lino de Macedo, a ilha é Tupinambarana, só se empregando<br />

o plural para o curso de água, o qual é chamado “rio Tupinambaranas”.<br />

195 O autor grafa parentintins. A propósito desses índios, veja-se “A pacificação dos<br />

parintintins” (<strong>Rio</strong>, 1825), de Joaquim Gondim.

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