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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 63<br />

nexão, a serra, a qual, por sua vez, dá um golpe duplo a cada revolução<br />

da roda.<br />

A despesa com a construção de uma roda de movimento<br />

lento fica, por essa maneira, bastante reduzida, dispensando-se todos<br />

os dispositivos para o aumento da velocidade necessária às serras,<br />

tendo o seu conjunto menor numero de peças intermediárias, muito<br />

menos sujeito a desarranjos e, por conseguinte, tendo poucos reparos<br />

a fazer-se. 25<br />

A carreta, que suporta a tora e a leva para a frente, contra a<br />

serra, funciona pela maneira usual; mas o processo para fazê-la voltar ao<br />

ponto de partida é engenhoso.<br />

A água é desviada da roda principal e encaminha-se para<br />

outro bicame, indo atuar contra uma roda, na extremidade do eixo da<br />

qual existe outra roda dentada, que, movendo-se, solta, por intermédio<br />

de uma alavanca, a carreta, e esta, então, volta com grande rapidez ao<br />

ponto de partida, da maneira mais simples.<br />

Vimos ali diferentes peças de madeira já beneficiada, tanto em<br />

vigas, como em tábuas, tendo-nos dado o Sr. Leavens explicações sobre<br />

os variados empregos das mesmas.<br />

Algumas são muito duras e resistentes, semelhantes ao carvalho,<br />

e outras mais macias e menos duráveis.<br />

O que mais nos interessou, contudo, foi uma partida de grandes<br />

toras de maçaranduba ou árvore-leiteira, 26 que se achavam ali.<br />

25 Esses tipos de rodas são empregados até hoje, principalmente no Brasil central,<br />

para engenhos de serra.<br />

26 Nos dois volumes de seu trabalho “À margem da visita pastoral” (Belém do Pará,<br />

1933-1934), tão interessante para o nosso folclore, D. Antônio de Almeida Lustosa,<br />

um dos luminares do episcopado brasileiro, faz referências a essa árvore-leiteira,<br />

bem como a outras, cujo látex é empregado na Amazônia para diversos misteres.<br />

Assim, no vol. I, à pág. 48, denomina a maçaranduba (que é a Mimusops elata, achras ou<br />

excelsa) de “vaca-vegetal”, expressão correspondente à popular de “árvore-vaca”: e,<br />

no vol. II, às págs. 128-130, deixando à margem a seringueira, trata do “variado leite<br />

vegetal”, que se lhe deparou ali: o leite de amapá eoleite de cuaxinguba (esta da família<br />

das moráceas), ambos usados como medicamentos; o leite de molangó (ou mangaba),<br />

com que se fabrica o visgo destinado a apanhar passarinhos; o leite de sorveira (uma<br />

apocínea), que serve de cola para louça; o leite de pocoró, que serve para colar papel; e<br />

finalmente, o breu (látex tirado da árvore do mesmo nome), de que há mais de uma<br />

espécie, servindo o denominado breu branco para calafetar embarcações.

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