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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 21<br />

estampou um ensaio, 10 no qual comparou as teorias da criação e do desenvolvimento<br />

dos seres vivos, fazendo-o com tanta habilidade e força<br />

de lógica, que levou a convicção a todos os leitores despreocupados;<br />

mas nenhum desses escritores sugeriu qualquer teoria definitiva de<br />

como se operava atualmente a transformação das espécies. A primeira<br />

notícia dessa descoberta só se deu em 1858; e, em conexão com ela,<br />

posso abalançar-me, talvez, a fornecer uns poucos informes pessoais.<br />

Desde que li os Vestiges, capacitei-me de que o desenvolvimento<br />

das espécies se realizava por meio dos processos ordinários de reprodução;<br />

mas, malgrado achar-se isso largamente admitido, ninguém tinha<br />

ainda exposto as várias razões de evidência, que o tornavam quase uma<br />

certeza. Esforcei-me por fazer isso num artigo, escrito em Sarawack no<br />

mês de fevereiro de 1855, o qual foi inserto, em setembro do mesmo ano,<br />

nos Annals of Natural History. Confiando principalmente nos fatos, bem<br />

conhecidos, da distribuição geográfica e da sucessão geológica, deduzi deles<br />

a lei, ou generalização, de que “cada espécie vem à luz em coincidência,<br />

tanto espacial, quanto temporal, com espécies preexistentes, estreitamente<br />

aliadas”; e mostrei como muitas peculiaridades nas afinidades, a sucessão<br />

e a distribuição das formas de vida, eram explicadas por essa hipótese,<br />

à qual não se opunha nenhum fato importante.<br />

A esse tempo, entretanto, eu não tinha ainda a concepção do<br />

como ou por que cada nova forma tinha vindo à existência com todas<br />

as belas adaptações à sua feição especial de vida; e, apesar do assunto estar<br />

sendo continuamente ponderado, nenhuma luz me veio sobre isso<br />

até três anos mais tarde (fevereiro de 1858) por circunstâncias um tanto<br />

10 Herbert Spencer (1820-1903), um dos mais fecundos e reputados pensadores do<br />

século próximo findo, criou o sistema a que ele próprio deu a denominação de<br />

“filosofia sintética”, o qual, por haver recebido a influência da teoria da evolução<br />

biológica, passou a ser chamado depois “evolucionismo”. Os escritos de Herbert<br />

Spencer, que o conduziram à mesma luminosa senda onde se encontrou com<br />

Darwin e Wallace, foram notadamente os seguintes: “Social statics” (1851), “The<br />

factors of organic evolution” (reimpresso em 1887) e os “Principles of psychology”<br />

(1855), que, aparecidos cerca de quatro anos antes da “Origin of species” de<br />

Darwin, já se baseavam na teoria da evolução. A Herbert Spencer e ao alemão,<br />

seu contemporâneo, Ernst Haeckel (1834-1919), o sistematizador da descendência<br />

das espécies, é que deve o evolucionismo e sua mais intensiva e extensa divulgação<br />

no mundo cultural (Nota de Basílio de Magalhães).

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