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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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<strong>Viagens</strong> <strong>pelo</strong> <strong>Amazonas</strong> e <strong>Rio</strong> <strong>Negro</strong> 325<br />

Por uma ou duas vezes, fui assistir às suas festas.<br />

Nessas ocasiões, faz-se grande quantidade de xirac (o caxiri<br />

dos brasileiros). 100<br />

Todos bebem bastante e ficam muito alegres.<br />

Há ali um regular e variado número de danças, monótonas e<br />

características, as quais são acompanhadas de estranhas figurações e<br />

contorções do corpo.<br />

As moças, geralmente, comparecem esmeradamente vestidas,<br />

com o seu cabelo cuidadosamente penteado e muito lustroso, no qual<br />

colocam fitas de cores vistosas, ou, então, os ornam de flores.<br />

Acabado o xirac, o grupo folgozão logo se debanda; ao que<br />

parece, sem essa bebida, julgam que não podem dançar bem.<br />

Às vezes, chegam a fazer tão grande quantidade de tal bebida,<br />

que as danças podem, então, durar dois ou três dias.<br />

Os seus números de danças têm um cunho perfeitamente nacional,<br />

porém, ao que parece, têm perdido a cor local, porquanto, a esse<br />

respeito, pude observar apenas alguns traços.<br />

A língua falada por aquela gente é chamada maniva ou baniva,<br />

porém difere muito do baniva do rio <strong>Negro</strong>, não sendo tão áspera e tão<br />

gutural quanto esta última; em Tomo e Maroa, fala-se outra língua completamente<br />

diferente, mas chamada também de baniva; um pouco mais<br />

para baixo, em São-Carlos, a língua falada é a baré. 101<br />

Assim, pois, cada aldeia tem a sua língua própria.<br />

Os homens e mulheres mais antigos da aldeia falam espanhol,<br />

toleravelmente, tendo aprendido esse idioma com os padres, que antigamente<br />

moravam no convento.<br />

Os mais jovens, principalmente os meninos e as meninas, os<br />

rapazes e as moças, não tiveram essa vantagem, e falam somente a língua<br />

nativa.<br />

Alguns deles, entretanto, compreendem um pouco do espanhol.<br />

100 Sobre o caxiri, veja-se o que diz Chermont de Miranda, em seu “Glossário paraense”,<br />

pág. 113.<br />

101 O autor grafa maniva, baniwa e barré. Martius (“Glossaria”, págs. 230-231 e<br />

261-262) dá as formas bare, maniva, baniba, admitindo, entretanto, a de baniva<br />

para o vocabulário dos índios do rio Içana.

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