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Viagens pelo Amazonas e Rio Negro[-WwW.LivrosGratis.net-](1)

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288 Alfred Russel Wallace<br />

Eles, então, ficavam muito espantados, ao ouvir que em nosso<br />

país só há homens brancos, e, mais ainda, não podiam imaginar como<br />

esses homens podem viver em uma terra onde não há florestas.<br />

E, assim, iam sucedendo outras perguntas mais, procurando<br />

eles saber de onde vêm o vento eachuva,ecomo o sol e a lua voltam<br />

para os seus lugares outra vez, após desaparecerem de nós.<br />

Eu tentava satisfazer-lhes todas as perguntas, com as minhas<br />

explicações.<br />

E, daí, então, eles por sua vez, contavam as suas histórias de<br />

onças, dos pumas, dos ferozes porcos selvagens, do terrível curupira, o<br />

demônio dos matos, e do homem selvagem, que tem uma longa cauda e<br />

que se encontra lá bem no centro da floresta.<br />

Assim, iam-me contando histórias interessantes.<br />

Dentre estas, há uma a respeito do tapir, que eles me narraram,<br />

porém que, depois, outros me asseguraram não ser verdadeira.<br />

“O tapir”, – contavam-me eles, – “tem o esquisito capricho<br />

de soltar o seu estrume somente nos lugares onde existe água.<br />

“O seu estrume nunca se encontra na mata, e, sim, nos córregos<br />

ou nos lugares onde há água, muito embora seja ele em <strong>pelo</strong>tas grandes<br />

e tão abundantes, que não se possa deixar de percebê-lo na floresta.<br />

“Se o animal não encontra água, no lugar onde se acha, faz,<br />

então, um grosseiro cesto de folhas, e neste leva-o para o córrego mais<br />

próximo, onde o joga.”<br />

E o índio, prosseguindo a sua narração, contou-me a seguinte<br />

história:<br />

“Era uma vez um tapir, que encontrou outro na floresta,<br />

quando ia levando à boca um cesto de folhas.<br />

“Que é que você tem aí nesse cesto? – perguntou-lhe o primeiro<br />

tapir.<br />

– “Frutas, – respondeu o outro.<br />

–- “Dá-me então algumas – disse o primeiro.<br />

–- “Eu não as posso dar – declarou o outro.<br />

“O primeiro tapir, então, arrebatou violentamente o cesto da<br />

boca do outro.

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