Imperialismo Cultural en América Latina Historiografía y Praxis
y5nNvg
y5nNvg
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
172<br />
Globalização, Crise Social e Educação<br />
No dizer de Victória Campos, o “mercado como modelo”,<br />
“não se atém a critérios morais”, a ideais de equidade e justiça<br />
pois interessa-lhe ap<strong>en</strong>as os “critérios de perdas e ganhos, de<br />
oferta e procura”. 2 Para Camps, portanto, o mercado gera injustiça<br />
“porque o direito que fundam<strong>en</strong>talm<strong>en</strong>te protege é o que está pior<br />
distribuído: o direito de propriedade”. Na conjuntura atual,<br />
contudo, vigora, no plano econômico, a supremacia de um capital<br />
financeiro sem fronteiras, sem restrições a sua livre circulação e<br />
a sua ação meram<strong>en</strong>te especulativa capaz de arruinar a economia<br />
de países periféricos da noite para o dia, conforme aconteceu com<br />
o México em fins de 1994 e com os ditos “tigres asiáticos” no<br />
primeiro semestre de 1998, configurando o que Robert Kurz<br />
qualifica de “capitalismo-cassino global”.<br />
No plano político, por outro lado, tem lugar a<br />
implem<strong>en</strong>tação de políticas calcadas no ideário neoliberal, que<br />
Bruno Thèret define como um “sistema de receitas práticas para<br />
a gestão pública”, cujas palavras-chaves são: agilidade, eficiência<br />
e eficácia, nada, que diga respeito, portanto, a equidade e a<br />
justiça. 3 Essas políticas se caracterizam pelos ataques frontais<br />
desferidos contra os direitos sociais, arduam<strong>en</strong>te conquistados,<br />
desestabilizando o sistema de proteção e de garantias sociais<br />
decorr<strong>en</strong>tes das chamadas políticas de bem estar social<br />
desestruturando, assim, as políticas de formato universalizante.<br />
Em troca, ganham relevo as políticas comp<strong>en</strong>satórias,<br />
emerg<strong>en</strong>ciais e focalizadas nos pobres e nos “excluídos”,<br />
constituindo aquilo que Robert Castel chama de “políticas de<br />
discriminação positiva”. 4 Nesse s<strong>en</strong>tido, cabe ao mercado o<br />
at<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to de uma fatia substancial das necessidades sociais das<br />
2. Campos, Victória, Paradoxos do Individualismo, Lisboa, Relógio<br />
D’Água, 1996, pp. 209-10.<br />
3. Thèret, Bruno, p. 88, em Draibe, Sônia M., “As Políticas Sociais e o<br />
Neoliberalismo”, em Revista da USP, São Paulo, Nº 17 (1993), pp. 86-101.<br />
4. Castel, Robert, “As Armadilhas da Exclusão”, em Belfiore-Wanderley,<br />
Mariangela, et alii (Orgs), Desigualdade e a Questão Social, São Paulo, EDUC,<br />
1997, pp. 161-190.