Imperialismo Cultural en América Latina Historiografía y Praxis
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José Willington Germano 181<br />
eram, antes, trabalhadores rurais e que foram expulsos do campo,<br />
perderam tudo, as referências sociais inclusive, tornaram-se<br />
socialm<strong>en</strong>te isolados e portadores de uma id<strong>en</strong>tidade negativa,<br />
como demonstra Ataíde em pesquisa realizada com “homelesses”<br />
de Salvador: “éramos assim”, “estamos assim”, diz bem da<br />
situação de excluído. 31 “Os excluídos”, escreve Castel, “povoam<br />
a zona mais periférica caracterizada pela perda do trabalho e pelo<br />
isolam<strong>en</strong>to social”. 32<br />
Nessa perspectiva, o “excluído” é, de “fato um desfiliado”<br />
e a “exclusão” se traduz, portanto, como “efeito de processos que<br />
atravessam o conjunto da sociedade e se originam no c<strong>en</strong>tro e não<br />
na periferia da vida social”. 33 É o caso, por exemplo, de uma<br />
empresa que resolve aplicar seriam<strong>en</strong>te a flexibilização. Da forma<br />
como é usada comum<strong>en</strong>te a “exclusão”, no dizer de Castel,<br />
constitui uma armadilha tanto para a reflexão como para a ação.<br />
Para a reflexão: porque simplesm<strong>en</strong>te descrevem-se os “estados<br />
de despossuir” e omitem-se ou criam-se impasses acerca dos<br />
“processos que os geram”. Para ação, porque as políticas sociais<br />
de reparação da exclusão, acabam por tomar o lugar das políticas<br />
sociais mais gerais com finalidades prev<strong>en</strong>tivas. Essa interv<strong>en</strong>ção<br />
termina por funcionar como um autêntico “pronto socorro social”,<br />
à medida que se escolhe intervir no que é periférico e não no<br />
coração mesmo dos processos que produzem a “exclusão”.<br />
Este é o caso de programas como o “R<strong>en</strong>da Mínima de<br />
Inserção” (RMI - França), o “Programa Nacional de Solidaridad”<br />
(PRONASOL, México) e o “Programa Comunidade Solidária”<br />
(Brasil). Programas de discriminação positiva que levam oxigênio<br />
a quem se <strong>en</strong>contra em desespero, mas que t<strong>en</strong>dem a se tornar<br />
programas de discriminação negativa, estigmatizadora e que<br />
terminam por atribuir um status de cidadãos de segunda categoria<br />
31. Ataíde, Yara Dulce Bandeira de, O Rango e a Utopia, Natal, UFRN, Tese<br />
de Doutoram<strong>en</strong>to em Educação, 1998.<br />
32. Castel, “As armadilhas da exclusão”, p. 21.<br />
33. Castel, “As armadilhas da exclusão”, pp. 21-22.