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Imperialismo Cultural en América Latina Historiografía y Praxis

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José Willington Germano 183<br />

tratam de programas residuais no s<strong>en</strong>tido assinalado por Titmuss,<br />

isto é restringem as suas práticas a grupos marginalizados e<br />

pauperizados, o que os difer<strong>en</strong>cia, portanto, da dim<strong>en</strong>são<br />

universalista. Em segundo lugar, esses programas resultam de<br />

uma r<strong>en</strong>úncia no s<strong>en</strong>tido de intervir de modo prev<strong>en</strong>tivo para<br />

<strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tar as causas que produzem a “exclusão” e a vulnerabilidade<br />

e não simplesm<strong>en</strong>te de se deter nos seus efeitos. Para Castel, “as<br />

medidas adotadas para lutar contra a exclusão tomam o lugar das<br />

políticas sociais mais gerais, com finalidades prev<strong>en</strong>tivas e não<br />

som<strong>en</strong>te reparadoras” (grifos no original). 39 Em terceiro lugar, os<br />

resultados apres<strong>en</strong>tados são extremam<strong>en</strong>te insatisfatórios,<br />

porquanto não são acompanhados de políticas macro-econômicas<br />

capazes de gerar empregos e de aum<strong>en</strong>tar o nível de r<strong>en</strong>da da<br />

população. Finalm<strong>en</strong>te, em contextos como o mexicano e o<br />

brasileiro, o social-liberalismo aliado a cultura política latinoamericana,<br />

através dos seus programas sociais têm contribuído<br />

para a manut<strong>en</strong>ção do cli<strong>en</strong>telismo, do neo-assist<strong>en</strong>cialismo ou do<br />

neolocalismo, mediante uma forma de utilização de recursos que<br />

acaba por funcionar como um sistema de recomp<strong>en</strong>sas e castigos<br />

aos grupos locais de poder. 40 Não se trata assim de constituição de<br />

“cidadãos de direitos” mas da manut<strong>en</strong>ção de sujeitos cli<strong>en</strong>tes do<br />

Estado e portanto de programas que visam acarretar um “alívio da<br />

pobreza”, mas os seus b<strong>en</strong>eficiários permanecem “lá onde estão”.<br />

Desse modo, importa sali<strong>en</strong>tar que o desemprego, a<br />

precarização do trabalho, déficit social e a desintegração<br />

cresceram sem parar nos últimos anos. Nos EUA 1,8 milhão de<br />

empregos foram eliminados <strong>en</strong>tre 1981 e 1991. Na Alemanha, 500<br />

mil empregos foram eliminados em ap<strong>en</strong>as 12 meses, <strong>en</strong>tre 1992<br />

e 1993. 41 Na <strong>América</strong> <strong>Latina</strong>, de cada 100 novos postos de<br />

trabalho criados estão no setor informal de economia 42 e a<br />

39. Castel, “As armadilhas da exclusão”, p. 30.<br />

40. Germano, “Pobreza e educação”, p. 41.<br />

41. Folha de São Paulo, Caderno Especial, O Colapso do Trabalho, p. 2.<br />

42. Espósito, Maurício, “Brasil perde capacidade de empregar”, Folha de São<br />

Paulo, 23/04/1998, Nº 2, p. 8.

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