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Imperialismo Cultural en América Latina Historiografía y Praxis

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José Willington Germano 175<br />

que ele assuma uma dim<strong>en</strong>são de categoria organizadora do social<br />

e fornecedora de id<strong>en</strong>tidade. Uma sociedade salarial, por<br />

conseguinte, consiste nisto: “uma sociedade na qual a maioria dos<br />

sujeitos sociais têm a sua inserção social relacionada ao lugar que<br />

ocupam no salariado”. 11<br />

No contexto atual, contudo, o trabalho perde espaço no<br />

tocante a essa dim<strong>en</strong>são de c<strong>en</strong>tralidade. Para Castel, “a nova<br />

questão social hoje parece ser o questionam<strong>en</strong>to desta função<br />

integradora do trabalho na sociedade”. Uma “desmontagem desse<br />

sistema de proteção e garantias que foram vinculadas ao emprego<br />

e uma desestabilização, primordialm<strong>en</strong>te na ordem do trabalho,<br />

que repercute como uma espécie de choque em difer<strong>en</strong>tes setores<br />

da vida social para além do mundo do trabalho propriam<strong>en</strong>te dito”<br />

e que vem atuando como ag<strong>en</strong>te desagregador do tecido social. 12<br />

A palavra-chave desse processo é a flexibilização. Ela decorre das<br />

exigências da concorrência e da competitividade em um modelo<br />

mundializado no qual o trabalho passa a ser o alvo principal da<br />

redução de custos. Trata-se de reduzir o preço da força de<br />

trabalho, e, ao mesmo tempo, maximizar a sua eficácia produtiva.<br />

Desemprego massivo, vulnerabilidade e insegurança em<br />

decorrência dos ataques desferidos às garantias e direitos sociais,<br />

sinalizam para o desaparecim<strong>en</strong>to do emprego, isto é, do trabalho<br />

com proteção e estabilidade. Essa situação é tanto mais grave em<br />

contextos como os da <strong>América</strong> <strong>Latina</strong> ou em países como o Brasil<br />

que, por não terem erguido sistemas fortes de proteção ao trabalho<br />

e portanto um sistema salarial maduro, t<strong>en</strong>dem a desagregar-se de<br />

forma mais rápida e devastadora.<br />

Nessa perspectiva, a própria repres<strong>en</strong>tação do progresso,<br />

concebido como um futuro melhor e a cr<strong>en</strong>ça que o amanhã seria<br />

sempre mais promissor, <strong>en</strong>tra em crise. Para Hobsbawn, a última<br />

parte do século XX tem se caracterizado como “uma nova era de<br />

11. Castel, “As Transformações da Questão Social”, p. 169.<br />

12. Castel, “As Transformações da Questão Social”, pp. 165-166.

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