Imperialismo Cultural en América Latina Historiografía y Praxis
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Globalização, Crise Social e Educação<br />
aos segm<strong>en</strong>tos mais vulneráveis da população b<strong>en</strong>eficiária desses<br />
programas. 34 Embora eles apres<strong>en</strong>tem o mérito de at<strong>en</strong>uar o<br />
sofrim<strong>en</strong>to daqueles que se <strong>en</strong>contram em situação da “inutilidade<br />
social”, não se pode desconhecer, contudo, que as políticas sociais<br />
focalizadas na pobreza, em geral, induzem ao s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to de<br />
vergonha, a uma id<strong>en</strong>tidade negativa porquanto, quem recebe a<br />
“ajuda”, passa a se reconhecer como alguém que situa na escala<br />
da degradação social s<strong>en</strong>do portador, assim, da condição<br />
humilhante de quem é inferior. 35 Ao estudar, por exemplo, o RMI,<br />
Takeuti id<strong>en</strong>tificou esse s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to negativo de pert<strong>en</strong>cim<strong>en</strong>to ao<br />
escrever que, se por um lado, a pobreza “suscita compaixão e<br />
complacência”, por outro, “ela é também associada a sujeira, ao<br />
fedor, a feiura, a grosseria, a negligência, a incultura, a violência<br />
(...) e a morte” (grifos no original). 36 Isso constitui uma clara<br />
demonstração da transformação de um programa de discriminação<br />
positiva em discriminação negativa.<br />
No tocante a programas como o PRONASOL e o<br />
“Comunidade Solidária” des<strong>en</strong>volvidos pelo México e pelo Brasil,<br />
respectivam<strong>en</strong>te, torna-se evid<strong>en</strong>te a t<strong>en</strong>tativa de conciliar o gasto<br />
social com as políticas de ajustes estruturais, de cont<strong>en</strong>ção do<br />
déficit público e de reforma do Estado, ancorados na concepção<br />
de “piso social” ou de “necessidades básicas”. Nessa perspectiva,<br />
constituem programas focalizados que visam at<strong>en</strong>der às demandas<br />
urg<strong>en</strong>tes da população em condições de pobreza extrema 37 e que<br />
são definidos como uma novo modo de <strong>en</strong>fr<strong>en</strong>tar a pobreza e a<br />
exclusão social. 38 Deve-se evid<strong>en</strong>ciar, em primeiro lugar, que se<br />
34. Castel, “As armadilhas da exclusão”, pp. 25-26.<br />
35. Germano, Willington J., “Pobreza e educação: o avesso da cidadania”, em<br />
Serviço Social e Sociedade, São Paulo, Nº 57 (jul. 1998), pp. 28-51.<br />
36. Takeuti, Norma, “A pobreza e a exclusão social no primeiro mundo”, em<br />
Revista Vivência, Natal, Nº 1 (jun. 1993), pp. 33-62.<br />
37. Consejo Consultivo del PROGRAMA NACIONAL DE SOLIDARIDAD<br />
(PRONASOL), El Programa Nacional de Solidaridad, México D. F., Fondo de<br />
Cultura Económica, 1994.<br />
38. Comunidade Solidária, GOVERNO DO BRASIL, Presidência da<br />
República, Comunidade Solidária: todos por todos, Brasília, Casa Civil, 1996.