Conselho De Classe: Que Espaço É Esse? - PUC-SP
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acaba sendo menosprezado a aprovar ou reprovar mediante brincadeiras que simulam programas<br />
de auditório.<br />
Ao recordarmos Bordieu (1992), essa ação pode ser denominada de “ilusão da<br />
improvisação”, uma vez que resistimos inconscientemente às idéias de identificar os esquemas<br />
consciente e racional em nossos motivos e atos.<br />
Ao continuar analisando os sujeitos do conselho de classe, percebe-se abaixo vários<br />
momentos em jogo e a nossa vontade de controlar tudo nos leva a superestimar parte em que o<br />
coordenador e os professores se dispersam 13 , sendo necessário o retorno e a repetição da situação<br />
de alguns alunos. Este fato demonstra falta de concentração dos participantes quanto ao conteúdo<br />
e situações analisadas e à luz da teoria da atividade percebe-se que não existe uma necessidade<br />
coletiva entre todos os participantes. <strong>É</strong> importante destacar que utilizam como artefatos somente<br />
a planilha da sala de aula, as tarjetas de notas , a ata de avaliação final, bem como alguns<br />
comentários sobre as faltas ou notas dos alunos conforme se pode observar nos turnos abaixo:<br />
(35) – CP “Pessoal, desculpe, eu me perdi um pouquinho”<br />
(47) – PQ “<strong>Que</strong> número você está?”<br />
(62) – CP “Espera um pouquinho. Só voltando um pouquinho. O 25 tem<br />
problemas em História, Física, Química e só? Eu estou no...?”<br />
(81) – CP “Perdi o número que nós estamos, qual é o número que<br />
você está falando....?”<br />
Os sujeitos, por não possuírem uma necessidade coletiva (Leontiev, 1978) , ao realizarem<br />
o conselho de classe, dispersam-se com facilidade e para se localizarem utilizam suas tarjetas ou<br />
diários para observarem os alunos (“...que número você está?”, “...O 25 tem problemas...” e<br />
“Perdi o número...”), podendo ser constatado que esse espaço do conselho de classe está sendo<br />
utilizado para cumprir burocracia, uma vez que nem os participantes acompanham com atenção<br />
o rendimento de seus próprios alunos.<br />
Complementando a análise dos artefatos e observando as regras construídas no discurso<br />
durante o conselho de classe, a observação das seqüências prototípicas ajudou na interpretação<br />
dos dados, já que o conselho de classe pode ser visto como uma grande seqüência dialogal<br />
(Bronckart 1997/1999;2006). Assim, pelo excerto abaixo, é possível observar que vários<br />
13 Palavras que marcam a dispersam dos participantes no conselho de classe.<br />
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