Conselho De Classe: Que Espaço É Esse? - PUC-SP
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Apesar do conhecimento da legislação quanto a participação dos alunos “...seria<br />
interessante a participação de pelo menos um aluno ”..., existe uma zona de conflito<br />
(Scheneuwly, 1994), uma vez que o coordenador afirma ser “.. um momento sagrado.” O<br />
questionamento feito pela pesquisadora (18 P “E qual é o seu papel...”) nessa área de conflito<br />
levou o coordenador a se reorganizar, repensar o seu papel enquanto mediador no conselho de<br />
classe (19 CP “... nós temos que tentar fazer... ”)<br />
O assunto foi novamente abordado na terceira entrevista E(3) e verifica-se que permanece<br />
a mesma concepção quanto à presença dos alunos no conselho conforme podemos verificar<br />
abaixo:<br />
E(1) – Primeira entrevista<br />
(17) CP – “...Na verdade, o ideal no caso do conselho, seria envolver o aluno<br />
pessoalmente né... de acordo com a legislação.Você entrou em contato com ela, quer dizer,<br />
seria interessante que houvesse a participação de pelo menos um aluno no conselho; agora,<br />
existe uma enorme resistência por parte dos professores em relação a essa questão, eu já há um<br />
ano e meio atrás, dois anos, cheguei a ler a legislação a respeito do conselho de classe, que na<br />
legislação está muito clara a necessidade da presença de um aluno, né? Porém os professores,<br />
naquele momento, pelo menos naquele momento, recusaram-se a aceitar a presença desse<br />
aluno no conselho, não sei porque exatamente. Acho que até seria um certo medo, seria uma<br />
mudança muito radical de acordo com eles, porque nós estaríamos abrindo um “momento<br />
sagrado”, um “Olímpo”, o conselho é isso, né? Na visão de alguns professores as idéias de um<br />
momento sagrado onde eles podem estar discutindo, e onde eles exercem um poder político<br />
forte, né? Então, a presença do aluno tiraria essa aura; digamos assim do conselho, essa idéia<br />
que existe.<br />
(18) P -E qual é o seu papel, frente esses professores que tem essa visão do uso de<br />
poder?<br />
(19) CP -Não, eu acho que é assim, nós temos que tentar fazê-los refletir sobre o papel<br />
do conselho. O conselho, na verdade, tem o objetivo de analisar essas salas, de analisar os<br />
alunos, o aproveitamento, né, mas fora dessa idéia de um poder decisório, né. Onde eu reprovo<br />
ou aprovo fulano ou ciclano. A idéia não é essa, a idéia é estar analisando, e verificando o<br />
rendimento desse aluno, como é que ele se apresenta, como é que ele vai, como está o<br />
aproveitamento dele, então quer dizer, nós não podemos simplesmente utilizar o conselho<br />
como uma espada de “Démocles”, né? Como um momento onde você simplesmente decide<br />
“aprovo ou não aprovo”; acho que o papel do coordenador neste momento, é justamente<br />
alertar para isso, alertar o que é o conselho, evitar que o conselho vire uma luta de<br />
interesses...”