Conselho De Classe: Que Espaço É Esse? - PUC-SP
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Nesta pesquisa, é analisada a construção do objeto avaliação dos alunos da Educação<br />
de Jovens e Adultos no Ensino Médio em uma escola estadual no período noturno. O conselho<br />
de classe é uma atividade que está sendo analisada, mas o seu funcionamento está interligado<br />
com mais outras atividades que ocorrem na escola, como por exemplo: aula do professor,<br />
reunião de coordenação e professores entre outras em uma rede de atividades.<br />
Engeström (1999) tem por objetivo desenvolver ferramentas conceituais para<br />
compreender os múltiplos diálogos existentes nas interações das atividades. <strong>É</strong> possível fazer<br />
uma relação com Bakthin (1999), com os conceitos de dialogia, pois para Bakthin, as idéias e<br />
a linguagem são povoadas pelas intenções dos outros, porque somos seres constituídos sócio -<br />
histórico-culturalmente, e nos direcionam ao processo de mediação, pois quando os seres<br />
humanos se expressam com palavras , estas são ferramentas cujos valores são contestados e<br />
significados compartilhados:<br />
“ A palavra (e em geral, o signo), é interindividual. Tudo o que é dito, expresso, situa-se<br />
fora da ‘alma’, fora do locutor, não lhe pertence com exclusividade. Não se pode deixar a<br />
palavra para o locutor apenas. O autor (o locutor) tem seus direitos imprescritíveis sobre<br />
a palavras, mas também o ouvinte tem seus direitos, e todos aqueles cujas vozes soam na<br />
palavra têm seus direitos (não existe palavra que não seja de alguém).” Bakthin<br />
(1997:350).<br />
Sendo assim, podemos perceber que a linguagem que permeia o conselho de classe pelo<br />
coordenador pedagógico e pelos professores é povoada de múltiplas visões de outros seres<br />
humanos, da formação destes professores, de seu ambiente familiar, suas interações com outros<br />
funcionários da escola, entre outros itens.<br />
Do ponto de vista bakhtiniano, a palavra é discurso e ideologia, e para ele é um produto<br />
que faz parte da sociedade, supõem um movimento dinâmico, uma inter-relação com a<br />
representação do real. A palavra é história e a constituição do ser humano, já que é a síntese das<br />
práticas discursivas construídas historicamente. <strong>Esse</strong> processo de mediação não possui como<br />
foco o ser humano, suas relações sociais e nem tão pouco o coletivo, mas a interação entre eles<br />
pois para Engeström (1999:382): “a construção de objetos por artefatos (ferramentas e signos)<br />
dialógico em que diferentes perspectivas e vozes se encontram, colidem e se fundem,” Logo,<br />
todas essas diferentes perspectivas possuem raízes em várias comunidades e práticas<br />
diferenciadas, que são vivenciadas em uma mesma atividade coletiva.<br />
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