Conselho De Classe: Que Espaço É Esse? - PUC-SP
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Bakthin (1929/1999) critica os sistemas filosófico-linguístico do subjetivismo idealista,<br />
que têm a língua como ato significativo de criação individual dos falantes em que a língua é<br />
apresentada como um instrumento pronto para ser usado. Critica também, o objetivismo abstrato<br />
, pois dicotomizava língua (aspecto social) da fala (aspecto individual) já que a língua era vista<br />
como um sistema estável de formas e regras imutáveis, apresentando uma necessidade de existir<br />
uma dialética do conhecimento externo e interno, ou seja do subjetivo para o objetivo, mediada<br />
pela linguagem . Logo, o estudo da língua por Bakthin (1987) é visto como um processo de<br />
interação verbal entre os falantes e o contexto, sendo influenciados por fatores intencionais,<br />
afetivos e sociais, já que para o autor (1929/1999p:92): “ o centro de gravidade da língua não<br />
reside na conformidade à norma da forma utilizada mas na nova significação que essa forma<br />
adquire no contexto”.<br />
Ao elaborar o arcabouço teórico desta pesquisa e durante os conselhos de classe faz-se<br />
necessário apontar o dialogismo existente nas práticas discursivas registradas para o<br />
desenvolvimento desta pesquisa. A relação entre Vygotsky e Bakthin possilibita compreender o<br />
caráter dialógico e dialético das relações entre os indivíduos, sem perder a dimensão mais ampla<br />
de meio cultural e histórico que é de suma importância para analisar o discurso realizado nos<br />
conselhos de classe pois na linguagem, no diálogo, na interação, estão o tempo todo o sujeito e o<br />
outro.<br />
Os estudos de Bakthin (1999), fundamentam-se em uma concepção dialógica da<br />
linguagem em que o mundo é passível de compreensão, interpretação através dos signos, sua<br />
utilização e o seu poder podem ser percebidos na linguagem falada, pelas palavras que<br />
expressamos pois, “ na palavra ... se revelam as formas básicas, as formas ideológicas gerais da<br />
comunicação semiótica” (p:36). Sendo assim, a palavra é determinante do conteúdo da vida<br />
interior e a consciência lingüística do falante e do ouvinte, relacionando-se sempre com a<br />
linguagem , que por sua vez, foi vista pelo autor em uma perspectiva de totalidade, integrada à<br />
vida humana.<br />
Ao analisar as enunciações, é preciso observar a situação social em que ocorrem, porque<br />
o sujeito e o contexto são partes indissociáveis de uma história. Para o autor toda enunciação é<br />
um diálogo e para Faraco (1988p:24): “uma das formas de expressar esse dialogismo em Bakthin<br />
é que ele aborda o dito dentro do universo do já dito; dentro do fluxo histórico da comunicação;<br />
como réplica aoréplica ainda não dita, todavia solicitada e já prevista”, pois os enunciados<br />
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