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qualificando e desqualificando como alguém que insiste em colecionar<br />
velharias deixando se perder a perspectiva do seu tempo, segundo uma<br />
“Não nos<br />
interessam as<br />
coleções em si,<br />
mas as Templates<br />
– arquétipos,<br />
exemplares<br />
ou modelos<br />
arranjados<br />
inconscientemente,<br />
que habitam<br />
e reforçam a<br />
natureza do<br />
museu como lugar<br />
iminentemente<br />
memorial, atraindonos<br />
até ele.”<br />
9. Retomando um trecho da prancha educativa<br />
da 29 a Bienal de Arte de São Paulo, 2012.<br />
10. RIEGL, Alois. O culto moderno dos<br />
monumentos. 4 a ed. Cotia, Sp: Ateliê<br />
Editorial, 2008, p. 62.<br />
11. PHILLIPOT, Paul. La obra de arte, el tiempo<br />
y la restauración. Revista conversaciones...<br />
com Paul Phillipot, México/Distrito Federal n.<br />
1, julio 2015, p. 20.<br />
12. BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a<br />
criança, o brinquedo e a educação. 2 a ed. São<br />
Paulo: Editora 34, 2011, p. 58.<br />
visão antiquada do antiquário. O historiador fala com os pés cravados<br />
no presente, e é por essa constatação que sua relação com os restos e<br />
materiais residuais do passado deve antes de tudo se orientar para os<br />
impasses da problemática do tempo para nós hoje, já que os vestígios do<br />
passado sempre nos colocam em contato com uma dimensão de antigo<br />
e novo, de ancianidade e novidade, como queria Alöis Riegl em seu culto<br />
moderno dos monumentos.<br />
Nesse sentido, poderemos apenas rememorar o passado e não mais<br />
vivê-lo. O Museu Regional do Sul de Minas, por conseguinte, não se<br />
identifica como um espaço que ainda parece insistir em ritualizar sua<br />
memória, pois seus objetos se encontram eminentemente à beira de um<br />
abismo. Ou prontos a serem lançados ao chão e se tornarem, também<br />
eles, cacos, retomando a provocação de Ai Weiwei.<br />
Quando sua estrutura modelar foi montada ao ar livre com técnicas<br />
tradicionais de marchetaria e carpintaria, sem pregos e baseadas<br />
em encaixes de madeira 9 , Ai Weiwei considerou que sua estrutura<br />
monumental estava pronta (Fig. 2). Contudo, após uma tempestade,<br />
a estrutura ruiu, e janelas e portas milenares repetiram o mesmo<br />
movimento de arruinamento, lançando-se não ao chão, mas à beira de<br />
uma falésia que divide a consciência do espectador entre a grandeza<br />
passada e a decadência presente – só a partir daí cumprindo com a sua<br />
função de Template.<br />
À medida que Riegl compreende que o valor de rememoração<br />
contemporâneo tem seu precursor anacrônico no amor dedicado às<br />
antiguidades 10 , não podemos nos dar ao luxo de querer também nós<br />
selecionar as nossas antiguidades em esquemas rígidos como o fez<br />
Winckelmann com sua História da Arte da Antiguidade. O grande problema<br />
contido aí está no fato de se levar ao pé da letra a história da arte como uma<br />
história do estilo, para a qual a forma é concebida como um valor sempre<br />
atual da obra de arte, independentemente de sua função original, sem se<br />
considerar seu aspecto complexo de apropriações ao longo do tempo.<br />
108 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7