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Musas7

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A ausência de um modelo de descrição de indumentária que possa ser<br />

utilizado pelos departamentos de documentação em museus parece ser<br />

crítica para o atual estado de inacessibilidade à informação e também à<br />

invisibilidade dos acervos no sistema atual do CNM/Ibram, que poderia ser<br />

uma plataforma nacional de acesso à informação básica sobre o conjunto<br />

de coleções de indumentária em museus brasileiros. Este problema<br />

leva a um outro: indumentária vem sendo colecionada nos museus<br />

brasileiros randomicamente, com pouco suporte de políticas públicas e<br />

institucionais claras que sinalizem a importância deste tipo de artefato<br />

na constituição do patrimônio cultural nacional público 9 . O resultado é<br />

uma espécie de debilidade nas noções históricas, sociais e culturais que a<br />

indumentária poderia ter em relação ao conjunto patrimonial. A partir do<br />

levantamento de informações sobre essas coleções, identifiquei um lapso<br />

entre discurso e prática que poderia bem servir às atuais discussões sobre<br />

patrimonialização do bem público no país 10 . Enquanto há projetos de<br />

criação de novos museus, como o Museu Brasileiro da Moda, anunciado<br />

pela Secretaria do Estado do Rio de Janeiro em 2012, e outro Museu da<br />

Moda, em Belo Horizonte, em 2016, permanecem subutilizadas as antigas<br />

coleções de indumentária pelos museus, algumas das quais ganhando<br />

raras adições atuais, sem que isso tenha resultado em aumento da<br />

produção de conhecimento por especialistas.<br />

Em relação às exposições nos museus, são raras aquelas sobre<br />

indumentária, sejam elas permanentes ou temporárias se comparado às<br />

exposições de arte, por exemplo. A existência de coleções diversificadas<br />

de indumentária e sua situação nos museus brasileiros identificadas<br />

neste levantamento e suas respectivas condições de preservação e<br />

conservação, pesquisa e exposição revelam o tratamento ambíguo que o<br />

Estado brasileiro – representado por seus museus e instituições de apoio à<br />

preservação do patrimônio – oferece a esta parcela do patrimônio cultural<br />

e histórico nacional. Diante da surpreendente variedade e quantidade de<br />

itens de algumas coleções identificadas durante a pesquisa, há um sofrível<br />

despreparo técnico para lidar com este tipo de acervo, o que tem resultado<br />

ainda em danos irreversíveis ao patrimônio preservado. Um vestido de<br />

baile que pertenceu a Sarah Kubitschek custodiado por um museu público<br />

“(...) não há<br />

padronização<br />

no modo como<br />

os diferentes<br />

museus<br />

classificam,<br />

descrevem e<br />

cadastram suas<br />

coleções de<br />

indumentária.”<br />

9. Uma exceção é a criação do Setor de<br />

Têxteis na década de 1990 no Museu Paulista.<br />

Vide Paula, 2006 b.7. Disponível em: http://<br />

sistemas.museus.gov.br/cnm/pesquisa/<br />

avancada. Acesso em: abril de 2015.<br />

10. CÂNDIDO, Manuelina M. D. Gestão<br />

de museus, diagnóstico museológico e<br />

planejamento: um desafio contemporâneo.<br />

Medianiz, 2013.<br />

GONÇALVES, José Reginaldo Santos.<br />

Antropologia dos objetos: coleções, museus<br />

e patrimônios (Coleção Museu, Memória e<br />

Cidadania). Rio de Janeiro, 2007.<br />

13 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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