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Foto: Aline Dias Kormann/ Acervo pessoal<br />
Foto da exposição dedicada à história ferroviária de Joinville.<br />
melhoria e fortalecimento das condições sociais, ambientais<br />
e econômicas que permitem a transmissão e a continuidade<br />
dos bens imateriais. 1<br />
O patrimônio cultural é um tema transversal<br />
que possibilita uma reflexão sobre as referências<br />
culturais que se apresentam cotidianamente no<br />
contexto urbano e rural do município e a educação<br />
museal pode ser direcionada para um programa de<br />
ações que articulem museu, escola, trabalho, ciência<br />
e tecnologia.<br />
Dentro da perspectiva metodológica da educação<br />
patrimonial, os sentidos da observação e experimentação<br />
oportunizam transpor as fronteiras das concepções<br />
tradicionais de educação envolvidas no processo<br />
formal e informal. Os museus não são compreendidos<br />
como educação formal. Entretanto, as instituições<br />
escolares são regidas por um plano político-pedagógico<br />
que compreende a organização de grades curriculares<br />
em processos pedagógicos formais mediados<br />
pelo professor. Os museus não trabalham dentro<br />
dessa conformação clássica escolar, mas dentro de<br />
programas e projetos educativos que mediam conhecimentos<br />
produzidos socialmente e cientificamente<br />
pelas escolas e por outras instituições.<br />
No intuito de aproximar percepções construídas<br />
sobre patrimônio cultural na grade curricular de<br />
Joinville, o Projeto abriu a possibilidade de se pensar<br />
o conhecimento dentro da escola e do museu, como<br />
também, o processo endógeno a essas perspectivas.<br />
Até porque o conhecimento científico é produzido<br />
em ambas as instituições, embora, nos museus, esses<br />
processos não sejam reconhecidos como formais.<br />
O conhecimento tácito elaborado fora das<br />
instituições consagradas como museus e escolas<br />
começa a adquirir uma importância para o patrimônio<br />
cultural imaterial. Desta forma, o trabalho e os<br />
trabalhadores começam a ser compreendidos dentro<br />
de uma criticidade pedagógica. As experiências e<br />
as trajetórias de vida são tratadas como referências<br />
culturais, para, enfim, pensar rupturas dos paradigmas<br />
estreitos e herméticos dos padrões curriculares<br />
alheios à dimensão cognitiva do trabalho.<br />
É relevante uma desconstrução pedagógica e<br />
uma problematização dos conteúdos narrativos<br />
apresentados pela escola e pelos museus. O<br />
museu não pode se restringir a ser apenas uma<br />
extensão escolar, mas, pedagogicamente, pode<br />
ser um espaço de provocação e de estímulo para<br />
repensar a formação escolar e museal. Outros<br />
caminhos e novas potencialidades dessa relação<br />
complementar entre museus e escolas tornam-se<br />
fonte de estudo e de pesquisa, principalmente, em<br />
projetos de extensão.<br />
1. Instituto do Patrimonio Histórico e Artístco Nacional, Iphan. Os sambas, as rodas, os bumbas, os meus e os bois. A trajetória da salvaguarda do patrimônio<br />
cultural imaterial no Brasil. Brasília: DF, 2010.<br />
89 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7