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Musas7

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egionalista, uma de suas faces mais destacadas, que<br />

legitima, por seu turno, não só a atuação intelectual do<br />

folclorista, mas a sua atuação como agente político, como<br />

representante da região 13 .<br />

Dentre as menções que caracterizam essa<br />

mentalidade, pudemos encontrar nos arquivos<br />

institucionais do Museu do Homem do Nordeste, na<br />

pasta de clipagem do Museu, o recorte de um jornal<br />

que acreditamos ser o Diário de Pernambuco, que<br />

consta na seção intitulada Sociedade e Feminino, sem<br />

indicação de página ou autoria. O texto, que segue<br />

abaixo transcrito, relata:<br />

“(...) as exposições em sua grande<br />

maioria obedeciam a um regime de<br />

efemérides, ou seja, acompanhavam<br />

um calendário comemorativo, com<br />

menções a ações relacionadas à<br />

semana do folclore, a festividades<br />

de datas comemorativas e a<br />

feriados históricos, tais como Dia do<br />

Índio e Proclamação da República.”<br />

Aécio de Oliveira empenhado em ultimar os preparativos<br />

da exposição de luminárias populares que o Departamento<br />

de Museologia, do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas<br />

Sociais vai montar no Palácio da Cultura no Rio de Janeiro,<br />

com a inauguração prevista para julho próximo. A amostra<br />

― com cerca de 158 peças do acervo do Museu de Arte<br />

Popular do IJNPS ― será em convênio com a Campanha<br />

de Defesa do Folclore Brasileiro e vai acompanhada de<br />

audiovisual sobre o mesmo tema, produzido por Fernando<br />

Ponce de Leon e Maria Regina Martins Batista e Silva.<br />

Além do folclore, as representações construídas<br />

pelas narrativas expográficas também fazem reverência<br />

a uma história baseada nos grandes ícones<br />

e personagens políticos, sobretudo a partir de um<br />

caráter saudosista ou de exaltação do passado. Isso<br />

se reflete na recepção das coleções adquiridas, muitas<br />

por doação.<br />

Dentre as coleções mais importantes constituídas na<br />

modernidade estão aquelas que se formaram com o<br />

intuito de dar sentido aos Estados Nacionais. Museus,<br />

bem como monumentos, cerimoniais e rituais, têm sido<br />

compreendidos como instituições e práticas que apontam<br />

para a construção de um sentimento de solidariedade<br />

capaz de unir os membros de uma nação sob a tutela do<br />

Estado. No Brasil, compreende-se ainda que a formação<br />

desse imaginário coletivo nos museus é fruto da interação<br />

entre vários grupos sociais, preferencialmente das elites<br />

dominantes, que são representadas por coleções diversas 14 .<br />

A própria condição de doação de um acervo traz<br />

como implicação o compromisso, exigido pelos<br />

doadores às instituições, de terem por dever a<br />

montagem de memoriais e/ou espaços específicos,<br />

quando não, exclusivos, para o acolhimento dos<br />

acervos doados, como é o caso das coleções de<br />

Joaquim Nabuco, que suscitaram na criação do<br />

Museu Joaquim Nabuco em 1974, e de Mauro Mota,<br />

com a criação da Sala Mauro Mota.<br />

Tais indivíduos, em sua imensa maioria representantes<br />

das elites sociais, têm, postumamente, seus<br />

13. Ibidem, p. 54-55.<br />

14. CHAGAS, Mario; SANTOS, Myrian S. A Vida Social e Política dos Objetos de um Museu. In: Anais do Museu Histórico Nacional. Rio de Janeiro, v.34, 2002,<br />

p. 199-200.<br />

55 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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