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Musas7

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Foto: Paulo Múmia. Acervo do Museu do Índio<br />

A história do Museu do Índio foi um dos motes<br />

do processo de construção do protagonismo<br />

dos povos indígenas nas exposições a seu<br />

respeito pelo Brasil e sua afirmação identitária<br />

no espaço público brasileiro.<br />

indígenas do Ceará. Tem dois historiadores, o Alexandre Oliveira Gomes e<br />

o João Paulo Vieira Neto, que fizeram um movimento fantástico com um<br />

conteúdo militante muito forte. Eu participei de uma oficina dos museus<br />

indígenas no Ceará e fiquei muito impressionado com o depoimento do<br />

cacique Sotero. O cacique Sotero deu um depoimento lá que eu vou dar<br />

já o que ficou na minha lembrança desse depoimento. Ele contou que<br />

quando ele era pequeno... Bom, em primeiro lugar, em 1860 e pouco, a<br />

Província do Ceará, o Governo da Província do Ceará, através de decreto,<br />

disse: “Não tem mais índio no Ceará!”. E estava cheio de grupos indígenas<br />

no Ceará, que foram submetidos a um processo de espoliação de terras,<br />

de repressão, e que se camuflaram. Ficaram como índios camuflados. Teve<br />

uma tese agora da Ticiana de Oliveira Antunes, Índios arengueiros: senhores<br />

da Igreja? Religião e cultura política dos índios do Ceará oitocentista, que<br />

foi defendida na UFF. Eu até coloquei a referência no último Taqui pra ti<br />

que eu escrevi. A Ticiana fez uma tese sobre os índios do Ceará no século<br />

XIX, as estratégias de resistência, a relação com a questão religiosa, com<br />

a Igreja. Os índios reivindicando que fosse colocada uma capela na terra. E<br />

ela mostra que aquilo ali era uma estratégia para conservar a terra porque<br />

é mais difícil tirar o índio da terra se tem uma capela, se tem uma igreja<br />

do que se não tem. Ali ela discute a questão dos índios cristãos, do que ela<br />

chama de índios arengueiros. O cacique Sotero é o legítimo descendente<br />

”Eu tinha que ler<br />

todo o Las Casas.<br />

Aí eu aproveitei e<br />

passei a ler o Las<br />

Casas todo. Minha<br />

tese foi pras<br />

cucuias, mas eu<br />

fui fazendo aquilo<br />

que eu estava<br />

sentindo vontade<br />

de fazer, com<br />

tesão para fazer.”<br />

177 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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