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Musas7

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ainda se deixa divagar: é possível estabelecer uma<br />

noção de patrimônio comum em língua portuguesa?<br />

Ressalta-se no livro um grande emaranhado de<br />

possibilidades interdisciplinares. Na seção dedicada<br />

a estudos da antropologia e da imagem, a politização<br />

das disciplinas em questão torna seus discursos mais<br />

polifônicos e relacionados. A perspectiva etnográfica e<br />

a análise pela etnofilosofia da cinematografia africana<br />

colaboram com a identificação de novos patrimônios,<br />

sob novos olhares. As imagens, seja a partir do cinema,<br />

da fotografia ou do desenho, representam espaços<br />

privilegiados de influência, permitindo uma profusão<br />

de novos conceitos em construção.<br />

É interessante constatar que a arquitetura,<br />

disciplina que primeiro inspirou os esforços no campo<br />

do patrimônio, apresenta-se na porção derradeira<br />

do livro, em somente dois artigos. Em comum, o<br />

entendimento de que arquitetura, cidade e território<br />

são documentos patrimoniais que registram a história<br />

dos homens. O esforço dos autores é de perceber as<br />

migrações de características arquitetônicas ao longo<br />

dos territórios de influência portuguesa.<br />

Um dos estudos de caso abordados na seção é<br />

emblemático do mal-entendido que ainda hoje a<br />

ideia de patrimônio possui no Brasil. Trata-se da<br />

restauração pioneira, realizada pelo Serviço do<br />

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)<br />

na década de 1930, da igreja de São Francisco Xavier,<br />

em Niterói. Aliás, na edição tupiniquim, é ela quem<br />

aparece em destaque na capa, ao passo que na<br />

edição portuguesa, estrategicamente, não há foto<br />

alguma, apenas a cor amarela como fundo.<br />

O livro Patrimônios de influência portuguesa:<br />

modos de olhar se dedica à comunidade acadêmica<br />

das áreas de humanidades, ciências sociais, ciências<br />

da linguagem e artes e demais interessados no<br />

campo do patrimônio e dos estudos culturais.<br />

Fonte de grande reflexão para estudos históricos<br />

e socioculturais sobre a relação identitária entre os<br />

países lusófonos, sua leitura é imprescindível para<br />

atualizar os eixos de debate sobre o patrimônio<br />

brasileiro, indispensável para gestores e técnicos do<br />

campo do patrimônio no Brasil.<br />

Fernando Chiquio Boppré é mestre em História Cultural pela<br />

Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

Rafael Muniz de Moura é bacharel em Museologia pela<br />

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e<br />

técnico em Assuntos Culturais – museologia do Museu Victor<br />

Meirelles (Ibram/MinC).<br />

Simone Rolim de Moura é mestra em Antropologia Social pela<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e técnica em<br />

Assuntos Educacionais do Museu Victor Meirelles (Ibram/MinC).<br />

299 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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