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Musas7

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formas de trabalho e o surgimento de novas<br />

modalidades de informação e comunicação como a<br />

internet e o telefone celular. Contudo, evidencia-se<br />

como o patrimônio é inventado, assim como são as<br />

tecnologias e as memórias.<br />

Por meio das memórias despertadas, o patrimônio<br />

torna-se factível, por isso a história é construída por<br />

sujeitos reais, que lutaram, sonharam e permanecem<br />

interligados com a memória da edificação. Os<br />

trabalhadores inventam as tecnologias e suas memórias<br />

como fios que se cruzam, como reitera Ecléa Bosi 6 :<br />

Não se pode perder, no deserto dos tempos, uma só gota<br />

da água irisada que, nômades, passamos de uma para outra<br />

mão. A história deve reproduzir-se de geração a geração,<br />

gerar muitas outras, cujos fios se cruzem, prolongando o<br />

original, puxados por outros dedos.<br />

O trabalho ferroviário faz parte de um passado<br />

nostálgico, muitas vezes desconhecido do público<br />

escolar. O mundo do trabalho férreo está vivo nas<br />

memórias dos homens e mulheres que fizeram parte<br />

da história do trabalho ferroviário.<br />

Projeto de Educação Patrimonial<br />

Nessa seção apresentaremos fragmentos do<br />

Projeto Patrimônio Cultural, Memórias e Ofícios.<br />

Com o objetivo de trabalhar a perspectiva da educação<br />

patrimonial, propôs-se dois momentos distintos:<br />

1) ambientação com o espaço musealizado (com<br />

os artefatos e os painéis expositivos da plataforma da<br />

Estação); 2) aproximação com roda de conversa entre<br />

os ferroviários e os alunos do ensino fundamental.<br />

A monitoria preparou recepção dos alunos em<br />

frente à Estação da Memória, realizando uma breve<br />

explicação sobre as atividades do Projeto e fez convite<br />

para uma viagem histórica. Utilizando a bilheteria<br />

(artefato) exposta na sala central como ponto de<br />

partida, os alunos receberam bilhetes de passagens<br />

e passaram pela catraca que fornece o acesso à<br />

plataforma. Ali estavam aptos para o embarque na<br />

história, tendo em vista que as viagens são motivadas<br />

por desejos diversos relacionados ao universo de<br />

cada viajante. Partir da experiência individual para<br />

trabalhar a história do lugar e da edificação.<br />

A ambiência do espaço se fez necessária para<br />

propiciar uma aproximação do trabalhador ferroviário<br />

com os estudantes, como forma de “humanizar” a<br />

leitura e percepção do objeto exposto no espaço.<br />

Se o telégrafo, por exemplo, foi um equipamento<br />

criado para suprir as necessidades humanas em<br />

uma determinada época, era preciso pensar com<br />

os estudantes quais seriam outros mecanismos<br />

de comunicação utilizados ao longo da história:<br />

cartas, telegramas, telefone, e-mails e facebook.<br />

Para impulsionar essa questão foi apresentado um<br />

documentário, em vídeo, sobre os ferroviários da<br />

antiga Estação Ferroviária de Joinville, com alguns<br />

depoimentos de história oral.<br />

O documentário, resultado do Projeto Encontros<br />

com a Memória, trabalhava, principalmente, a partir<br />

de uma fala de seu José de Mira, a noção do telégrafo<br />

e do telegrafista, e a importância desse artefato. O<br />

objeto foi apresentado desde o seu processo de<br />

produção, funções práticas e simbolismos, relações<br />

6. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 90.<br />

94 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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