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formas de trabalho e o surgimento de novas<br />
modalidades de informação e comunicação como a<br />
internet e o telefone celular. Contudo, evidencia-se<br />
como o patrimônio é inventado, assim como são as<br />
tecnologias e as memórias.<br />
Por meio das memórias despertadas, o patrimônio<br />
torna-se factível, por isso a história é construída por<br />
sujeitos reais, que lutaram, sonharam e permanecem<br />
interligados com a memória da edificação. Os<br />
trabalhadores inventam as tecnologias e suas memórias<br />
como fios que se cruzam, como reitera Ecléa Bosi 6 :<br />
Não se pode perder, no deserto dos tempos, uma só gota<br />
da água irisada que, nômades, passamos de uma para outra<br />
mão. A história deve reproduzir-se de geração a geração,<br />
gerar muitas outras, cujos fios se cruzem, prolongando o<br />
original, puxados por outros dedos.<br />
O trabalho ferroviário faz parte de um passado<br />
nostálgico, muitas vezes desconhecido do público<br />
escolar. O mundo do trabalho férreo está vivo nas<br />
memórias dos homens e mulheres que fizeram parte<br />
da história do trabalho ferroviário.<br />
Projeto de Educação Patrimonial<br />
Nessa seção apresentaremos fragmentos do<br />
Projeto Patrimônio Cultural, Memórias e Ofícios.<br />
Com o objetivo de trabalhar a perspectiva da educação<br />
patrimonial, propôs-se dois momentos distintos:<br />
1) ambientação com o espaço musealizado (com<br />
os artefatos e os painéis expositivos da plataforma da<br />
Estação); 2) aproximação com roda de conversa entre<br />
os ferroviários e os alunos do ensino fundamental.<br />
A monitoria preparou recepção dos alunos em<br />
frente à Estação da Memória, realizando uma breve<br />
explicação sobre as atividades do Projeto e fez convite<br />
para uma viagem histórica. Utilizando a bilheteria<br />
(artefato) exposta na sala central como ponto de<br />
partida, os alunos receberam bilhetes de passagens<br />
e passaram pela catraca que fornece o acesso à<br />
plataforma. Ali estavam aptos para o embarque na<br />
história, tendo em vista que as viagens são motivadas<br />
por desejos diversos relacionados ao universo de<br />
cada viajante. Partir da experiência individual para<br />
trabalhar a história do lugar e da edificação.<br />
A ambiência do espaço se fez necessária para<br />
propiciar uma aproximação do trabalhador ferroviário<br />
com os estudantes, como forma de “humanizar” a<br />
leitura e percepção do objeto exposto no espaço.<br />
Se o telégrafo, por exemplo, foi um equipamento<br />
criado para suprir as necessidades humanas em<br />
uma determinada época, era preciso pensar com<br />
os estudantes quais seriam outros mecanismos<br />
de comunicação utilizados ao longo da história:<br />
cartas, telegramas, telefone, e-mails e facebook.<br />
Para impulsionar essa questão foi apresentado um<br />
documentário, em vídeo, sobre os ferroviários da<br />
antiga Estação Ferroviária de Joinville, com alguns<br />
depoimentos de história oral.<br />
O documentário, resultado do Projeto Encontros<br />
com a Memória, trabalhava, principalmente, a partir<br />
de uma fala de seu José de Mira, a noção do telégrafo<br />
e do telegrafista, e a importância desse artefato. O<br />
objeto foi apresentado desde o seu processo de<br />
produção, funções práticas e simbolismos, relações<br />
6. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 90.<br />
94 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7