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Museu visitado<br />
capacitação aos moradores para o atendimento mais qualificado aos<br />
turistas. No local, o Ecomuseu em parceria com as comunidades criou<br />
o “Roteiro Patrimonial de Visitação”, uma iniciativa de turismo de base<br />
comunitária para a valorização dos saberes e fazeres das comunidades<br />
e para geração de renda. O roteiro pontua os patrimônios naturais e<br />
culturais das comunidades de Fazendinha e Poção, em um percurso de<br />
trilha ecológica de extensão de 2,62 km. A proposta é que os visitantes<br />
percorram essa trilha ao longo de um dia, conhecendo esse trecho da<br />
ilha em contato com seus moradores que compartilharão um pouco de<br />
seus conhecimentos, experiências, as tradições de que são portadores.<br />
Conhecerão fatos históricos que unem a ilha à história de ocupação e<br />
colonização do Pará, e poderão desfrutar de refeições nas casas dos<br />
moradores, acompanhar de perto a criação de peixes, a feitura da farinha<br />
d’água, a construção de barcos e de artesanatos variados, além de banho<br />
de rio em uma praia na trilha. Toda trilha foi sinalizada pelo Ecomuseu,<br />
indicando em cada ponto onde o visitante se encontra. Um desejo das<br />
comunidades é obtenção de recursos para a construção de um cais para<br />
facilitar a chegada dos visitantes e dinamizar o turismo.<br />
Percorrendo a trilha conhecemos o Sr. Heleno, mestre artesão naval.<br />
Aprendeu o ofício de construir barcos com seu padrasto, ainda muito jovem,<br />
e desde então vem construindo e dando manutenção em barcos utilizados<br />
em vários rios do Pará e da Amazônia. Muito atencioso e didático, ele explica<br />
o processo de construção de um barco, as partes que o compõe, as ferramentas<br />
que são utilizadas etc. Explica os danos causados às embarcações<br />
pelo turu, um molusco vermiforme, que faz grandes estragos nas madeiras<br />
construindo canais em seu interior e oferecendo risco de naufrágio. Chama<br />
atenção o fato que ele aprendeu tudo na prática, pois cada barco que se<br />
constrói, atendendo à demanda do cliente, exige experimentação. Nenhum<br />
barco é igual ao outro. O Sr. Heleno sabe reconhecer quando navega na<br />
baía os barcos que fez. Existem traços característicos nas embarcações<br />
feitas por ele, assim sabe identificar qual o mestre naval fez os outros barcos<br />
que por lá navegam. O saber-fazer do Sr. Heleno, seu saber prático<br />
foi registrado pela primeira vez pela equipe do Ecomuseu, que assim preserva<br />
uma arte aprendida de pai para filho, na oralidade e no ver fazer.<br />
212 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7