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em 1972 8 . O papel da Unesco é importante para a criação do Museu de<br />
Folclore, tendo em vista que o órgão teve como princípio promover<br />
políticas de valorização da cultura popular. A atuação dos intelectuais da<br />
Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro também foi relevante para a<br />
criação da instituição. E, segundo Vilhena, este movimento dos folcloristas<br />
brasileiros inseriu no debate da identidade nacional a cultura e as tradições<br />
dos segmentos populares. Neste sentido, para o autor, estes intelectuais<br />
foram intérpretes particulares da nacionalidade na medida em que, ainda<br />
que de forma contraditória, enfatizaram a dimensão cultural em torno da<br />
identidade nacional 9 .<br />
Educação também foi tema de pauta em torno dos debates travados<br />
pelos intelectuais da Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro. Faz-se<br />
preciso mencionar que no campo da educação a Unesco exerceu uma<br />
posição política de destaque. Da relação entre folclore e educação foi<br />
instituída no Congresso realizado de 22 a 31 de agosto de 1951 a Carta ao<br />
Folclore Brasileiro, que recomendou:<br />
8. Apesar de Édison Carneiro ter sido o<br />
idealizador da Campanha de Defesa ao<br />
Folclore Brasileiro e um estudioso de<br />
destaque, com a implantação do golpe civil<br />
militar o intelectual é afastado da Campanha<br />
por ser acusado de comunismo e Renato<br />
Almeida teria sido o primeiro diretor do<br />
Museu de Folclore, de 1968 a 1974. Biblioteca<br />
Amadeu Amaral do Centro Nacional de<br />
Folclore e Cultura Popular. Rio de Janeiro, s/d.<br />
9. VILHENA, Luís Rodolfo. Projeto e Missão o<br />
movimento folclórico brasileiro 1947 a 1964.<br />
Rio de Janeiro: Funarte, 1997, p. 14.<br />
10. Carta ao Folclore Brasileiro I Congresso<br />
Nacional de Folclore, de 22 a 31 de agosto<br />
de 1951.<br />
11. FREIRE, Beatriz Muniz. O Encontro Museu<br />
/ Escola: O que se diz e o que se faz. Departamento<br />
de Educação Pontifícia Universidade<br />
Católica do Rio de Janeiro. Dissertação de<br />
Mestrado, Rio de Janeiro, Abril, 1992, p. 42.<br />
Capítulo III – Ensino e Educação – Recomenda-se: Desenvolver ação conjunta entre os<br />
Ministérios da Cultura e da Educação a fim de que o conteúdo do folclore e da cultura<br />
popular seja incluído nos níveis de 1º e 2º graus e como disciplina específica do 3º grau<br />
de forma mais ampla, incluindo enfoque teórico e prático através do ensino regular,<br />
de oficinas, de observações e de iniciação às pesquisas bibliográficas e de campo 10 .<br />
Freire aponta que desde os primeiros anos da Campanha de Defesa<br />
ao Folclore Brasileiro os folcloristas não almejavam dissociar o folclore<br />
da educação. E em redor da relação entre educação e folclore a mesma<br />
autora menciona que o Museu de Folclore realizou suas atividades para<br />
propagar uma harmonia cultural que não havia e utilizavam o folclore para<br />
difundir os valores de exaltação à pátria e diz que:<br />
“Didática do Folclore”, da autoria de Corina Ruiz, teve sua primeira edição em 1976.<br />
A autora é apresentada na introdução de Laura Jacobina Lacombe como professora<br />
estudiosa do folclore. O folclore tem um papel educativo: “ligar a criança à tradição da<br />
pátria, além de representar um elo entre todos os países” 11 (grifos nossos).<br />
É neste contexto social e político que se inicia a história do Museu de<br />
Folclore. O fato agora consiste na identificação de como, por meio das<br />
convicções políticas de Renato Almeida, o civismo e o folclore serão<br />
136 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7