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objetos doados a partir de uma prerrogativa implícita,<br />
ou explícita, para os herdeiros doadores, de uma ação<br />
sistemática de valorização da memória do sujeito individual,<br />
através, assim, da criação de salas que funcionam<br />
como memoriais daquele indivíduo imortalizado<br />
pelo processo de musealização de seus objetos.<br />
Aprofundando as análises das atribuições erigidas<br />
ao Departamento de Museologia, podemos perceber<br />
também que, entre suas competências, está, não apenas,<br />
a organização das exposições nos equipamentos<br />
museais do IJNPS, mas o assessoramento a outras<br />
instituições museais e ao patrimônio, nos serviços de<br />
expografia e museologia, principalmente no âmbito<br />
regional, como citado no item IV, que diz: “Prestar<br />
serviços de assessoria técnica a organismos regionais<br />
detentores de acervo museológico mediante assinatura<br />
de termos de ajustes, de convênio ou de contratos<br />
entre os referidos órgãos e o IJNPS”. Esse ponto é<br />
singular, pois, ao longo dos documentos analisados e<br />
das entrevistas coletadas, foram intensos os indicativos<br />
acerca dessa forte atuação das ações museológicas<br />
fora dos muros da instituição.<br />
Em entrevista concedida para o projeto de<br />
pesquisa desta dissertação, no dia 24 de outubro de<br />
2014, no Museu da República, no Estado do Rio de<br />
Janeiro, o museólogo Mário de Sousa Chagas relata<br />
uma das suas primeiras experiências ao ingressar no<br />
quadro funcional do Departamento de Museologia<br />
do IJNPS:<br />
Minha primeira tarefa foi uma espécie de trote, foi o Aécio<br />
que fez isso comigo, foi o Aécio que me colocou nas mãos<br />
uma pilha de fichas deste tamanho [expressando o volume<br />
do material] de numismática, e ele me disse: “Eu preciso que<br />
você passe a limpo [reescreva] essas fichas para um livro,<br />
livro de tombo, livro de registro de um museu no Piauí”. E, eu<br />
passei um ou dois meses, fiz calos nos dedos de transcrever<br />
essas fichas para o livro de registro do Museu do Piauí. [...]<br />
Mas teve um aspecto positivo, quando eu acabei de fazer o<br />
livro de registro, o Aécio me disse: “Você está pronto para ir<br />
viajar com a gente, nós vamos ao Piauí montar um museu”.<br />
E lógico que eu fiquei feliz. (Informação verbal) 15<br />
Ao longo dos Relatórios de Gestão, são citadas<br />
as assessorias a diversas instituições museológicas,<br />
dentre as quais a participação na montagem da<br />
exposição do Museu do Trem, de acordo com matéria<br />
citada no Relatório de Gestão do ano de 1972:<br />
Através de um convênio formado com a Rede Ferroviária<br />
Federal, já está em andamento o Museu do Trem, cuja<br />
organização ficou ao encargo de museólogos do Instituto.<br />
Entre os trabalhos realizados sob a responsabilidade de<br />
nossos especialistas estão: o Estudo da História da Great<br />
Western para montagem do Museu, o levantamento dos<br />
documentos e objetos, a classificação e o registro do acervo<br />
e o roteiro de exposição, o estudo de montagem, o roteiro<br />
cronológico, detalhes de iluminação, painéis e vitrines,<br />
estudos de cores, a classificação fotográfica e a organização<br />
de depósito de acervo 16 .<br />
Além do Museu do Trem, foi realizada, no mesmo<br />
ano, uma assessoria a um museu no estado do Rio<br />
Grande do Norte, na cidade de Mossoró. As ações<br />
compreenderam a organização, a curadoria e a<br />
montagem de exposições em museus através de<br />
15. Informação obtida em entrevista realizada com o museólogo Mario de Sousa Chagas, no Rio de Janeiro, em outubro de 2014. Mário Chagas atuou como<br />
museólogo no Departamento de Museologia, foi também diretor do Museu Joaquim Nabuco e, por um curto período, do Museu do Homem do Nordeste, entre<br />
1981 até meados de 1987.<br />
16. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 1973, p. 42.<br />
56 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7