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contrário a uma ordem social estabelecida, estariam inseridos no campo<br />
do confronto 12 . Este trabalho se apoia no primeiro argumento da autora<br />
em que se pode observar a forma como as instituições são capazes de<br />
“A Campanha<br />
de Defesa<br />
ao Folclore<br />
Brasileiro deveria<br />
realçar não<br />
somente a defesa<br />
do patrimônio<br />
folclórico, mas<br />
também defender<br />
a cultura nacional<br />
através do<br />
valor cívico.”<br />
instruir as sociedades e formar pensamentos. Neste mesmo caminho<br />
de discussão, Chagas observa o museu como um espaço socialmente<br />
construído, comprometido em atender aos interesses ideológicos de seu<br />
tempo. Neste sentido, os museus são políticos e em seu interior ocorrem<br />
disputas por memórias 13 . No que se refere não ao campo da memória<br />
social propriamente, mas considerando o fato de que os museus são<br />
dentre tantas definições porta-vozes dos valores culturais e também de<br />
uma memória social construída, vale ser mencionado para analisarmos o<br />
civismo e o folclore na gestão de Renato Almeida no Museu de Folclore.<br />
E ao observar a política da memória e sua função pedagógica emitida por<br />
meio dos museus, Chagas afirma que:<br />
Nesse sentido, parece claro que a transmissão de memória política, ao valer-se de<br />
documentos, no sentido mais amplo do vocábulo, tem também uma intenção pedagógica,<br />
um desejo de articulação entre os que foram e os que vieram depois, uma vontade de<br />
formar e produzir continuidades 14 (grifos nossos).<br />
12. DOUGLAS, Mary. Como as instituições<br />
pensam. Tradução. Carlos Eugênio Marcondes<br />
de Moura. São Paulo: Edusp, 2007.<br />
13. CHAGAS, Mário de Souza. Há uma gota<br />
de sangue em cada museu. In: Cadernos de<br />
Sociomuseologia. Universidade Lusófona de<br />
Humanidades e Tecnologia, número 13, 1999,<br />
p. 17-35.<br />
14. CHAGAS, Mário de Souza. Memória política<br />
e política de memória. In: CHAGAS, Mário de<br />
Souza e ABREU, Regina. (orgs). Memória e<br />
Patrimônio ensaios contemporâneos. Rio de<br />
Janeiro: DP & A Editora: Rio de Janeiro, 2003,<br />
p. 144.<br />
15. Ministério da Educação e Cultura.<br />
Projeto de Reestruturação da Campanha de<br />
Defesa ao Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro,<br />
s/d. Biblioteca Amadeu Amaral do Centro<br />
Nacional de Folclore e Cultura Popular, Rio de<br />
Janeiro, s/d.<br />
Considerando o fato de que a Campanha de Defesa ao Folclore<br />
Brasileiro é implantada em 1958, verifica-se que havia uma associação<br />
estabelecida entre educação, folclore e civismo desde instituição da<br />
Campanha. E no dia 24 de maio de 1961 o civismo propagado em torno<br />
do folclore era associado ao reconhecimento de valor à pátria pelo<br />
Presidente Jânio Quadros, que, em Brasília, registrou em seu discurso que<br />
o folclore enquanto campo de estudo permitia o conhecimento do povo<br />
brasileiro em sua realidade e continuidade histórica, sendo primordial<br />
para a configuração do país. O folclore era:<br />
Folclore é civismo na medida em que reafirma os valores da nacionalidade. A sociedade<br />
em desenvolvimento acelera a dinâmica própria dos fatos folclóricos, que tendem a se<br />
atualizar e a se adaptar às novas circunstâncias sociais. A Campanha realça, na defesa<br />
do patrimônio folclórico, os elementos cívicos com os quais o povo reafirma o caráter<br />
nacional de sua cultura. Além das promoções do mês de agosto, e outras eventuais,<br />
cabe-lhe promover atividades durante a Semana da Pátria, em combinação com as<br />
Secretarias Estaduais de Educação 15 (grifos nossos).<br />
138 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7