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Musas7

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Ao analisar o discurso do Presidente Jânio Quadros e identificar que<br />

em sua fala a Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro é vista como um<br />

movimento capaz de por meio do folclore reproduzir os valores cívicos de<br />

exaltação a pátria, pode-se apontar que o movimento em defesa do folclore<br />

brasileiro se caracterizou como uma atividade de cunho político, tendo em<br />

vista seu comprometimento em instruir os segmentos populares para os<br />

quais se destinavam o discurso de Renato Almeida em volta do civismo.<br />

O discurso cívico em torno do folclore foi marcante em Renato Almeida<br />

quando falou acerca da Educação Moral e Cívica 16 dizendo que: “Agora,<br />

sobretudo, em que se criou obrigatoriamente a Cadeira de Educação<br />

Moral e Cívica o folclore deve ser reconhecido devidamente” 17 . Diante<br />

desta abordagem, colocamo-nos em torno da seguinte questão. Qual<br />

seria o lugar do folclore e do civismo no Museu de Folclore na gestão de<br />

Renato Almeida no contexto social e político autoritário para se pensar o<br />

lugar da nação? Considerando que, segundo Chagas, o museu é um lugar<br />

político e sua museografia representa um discurso também político 18 ,<br />

é neste sentido que observamos que o Museu de Folclore na gestão<br />

de Renato Almeida contribuiu com o governo autoritário em torno da<br />

utilização do folclore para emanar o civismo e manter a ordem social<br />

devido ao reconhecimento patriótico. A Campanha de Defesa ao Folclore<br />

Brasileiro deveria realçar não somente a defesa do patrimônio folclórico,<br />

mas também defender a cultura nacional através do valor cívico, como se<br />

pode notar: “A Campanha realça, na defesa do patrimônio folclórico, os<br />

elementos cívicos, com os quais o povo reafirma o caráter nacional de sua<br />

cultura 19 ” (grifos nossos).<br />

Por meio da análise do discurso de Renato Almeida, verifica-se que o<br />

folclore se transformava em um movimento cultural por defender a cultura<br />

e as tradições populares. E também fez parte um movimento político por<br />

ser propagador dos valores cívicos nacionais. Devido ao posicionamento<br />

de folcloristas como Renato Almeida os estudos em torno da Campanha<br />

de Defesa ao Folclore Brasileiro consagrou o movimento como difusor dos<br />

interesses do governo. Travassos afirmou que: “A explicação mais comum<br />

do fenômeno consiste em apontar a debilidade teórico-metodológica da<br />

pesquisa de folclore, produtora de ideologia, não de conhecimento ”20 .<br />

16. Disciplina escolar obrigatória<br />

regulamentada pelo Decreto n o 58.023, de 21<br />

de março de 1966.<br />

17. Da Assessoria Chefe para Assuntos<br />

Parlamentares, Rio de Janeiro, 09/03/1973.<br />

Biblioteca Amadeu Amaral do Centro Nacional<br />

de Folclore e Cultura Popular, Rio de Janeiro.<br />

18. CHAGAS, Mário de Souza. A imaginação<br />

museal Museu, memória e poder em Gustavo<br />

Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro.<br />

Rio de Janeiro: Ministério da Cultura/Ibram,<br />

Coleção Museu memória e cidadania, 2009,<br />

p. 60-61.<br />

19. Promoções cívicas. Biblioteca Amadeu<br />

Amaral do Centro Nacional de Folclore e<br />

Cultura Popular, Rio de Janeiro, 1972.<br />

20. TRAVASSOS, Elizabeth. Projeto e missão.<br />

O movimento folclórico brasileiro, 1947 –<br />

1964. Mana [Resenha online], 1998. Volume,<br />

4, número 1, p. 186-188. ISSN 0104-9313.<br />

“Por meio da análise<br />

do discurso de Renato<br />

Almeida, verificase<br />

que o folclore se<br />

transformava em um<br />

movimento cultural<br />

por defender a<br />

cultura e as tradições<br />

populares. E também<br />

fez parte de um<br />

movimento político<br />

por ser propagador<br />

dos valores nacionais.”<br />

139 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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