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Musas7

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Um artefato solto numa estante, ou exposto<br />

em uma vitrine de vidro, possui significados<br />

e significantes que vão além do objeto em si.<br />

Os alunos o observam com curiosidade, mas o<br />

objeto é intocável. É desconhecido e distante<br />

da realidade cognitiva dos estudantes. Mas, o<br />

objeto nas mãos de um ferroviário, explicando<br />

a serventia de um determinado instrumento<br />

de trabalho e qual sua função social, tem uma<br />

dimensão humana e funcional, pedagógica e<br />

patrimonial. Os alunos, ao pesquisarem sobre o<br />

telégrafo na rede, realizam investigações acerca<br />

do conhecimento tácito dos ferroviários.<br />

Para Maria de Lourdes Parreira Horta, os objetos<br />

podem e devem proporcionar uma experiência<br />

humanizadora, que vai além da aparência e do<br />

contexto:<br />

A informação que o estudo dos objetos culturais nos<br />

proporciona vai muito além do que as meras qualidades<br />

físicas desses artefatos. Todo objeto corresponde a uma<br />

função, à satisfação de uma necessidade, mesmo que esta<br />

necessidade não seja mais do que a pura e livre expressão<br />

dos sentimentos e as ideias do seu criador – como, no caso, a<br />

obra de arte. O desaparecimento e a obsolescência tem a ver<br />

com as mudanças nas funções e necessidades. [...] Atrás de<br />

cada artefato há uma pessoa, ou muitas pessoas. Descobrir<br />

quem eram e como viviam é um fator fundamental para a<br />

experiência humanizante que nos é proporcionada pelos<br />

objetos do patrimônio cultural. 4<br />

É imprescindível estabelecer os trilhos entre o<br />

presente e o passado vivenciado por indivíduos que<br />

se reconhecem nos bens públicos patrimonializados<br />

e musealizados. O público escolar, quando visita<br />

“É imprescindível<br />

estabelecer os trilhos<br />

entre o presente e o<br />

passado vivenciado<br />

por indivíduos que<br />

se reconhecem<br />

nos bens públicos<br />

patrimonializados e<br />

musealizados.”<br />

um museu ou espaço de memória, não se encontra<br />

em um lugar perdido em si mesmo, há um processo<br />

de reconhecimento social. Quando o lugar inspira<br />

questões que podem ser respondidas por pessoas que<br />

ali trabalharam, moraram ou viveram, faz com que a<br />

edificação se transforme num processo de alteridade,<br />

num processo aberto e disposto para si e para outros.<br />

O encontro da memória presente com a memória<br />

passada abriu novos significados e apropriações do<br />

patrimônio construído ao valorizar aquele que fez e<br />

fará parte da história do trabalho na cidade.<br />

Os museus, sobretudo, são agentes de mudança<br />

social e de desenvolvimento, impulsionando a<br />

apreensão e desconstrução do conhecimento dentro<br />

da metodologia da educação patrimonial que se<br />

apoia também dentro do preceito da pedagogia<br />

histórico-crítica, pois entende o papel fundante do<br />

4. HORTA, Maria de Lourdes Parreira. Educação patrimonial: comunicação apresentada na Conferência Latino-Americana sobre a Preservação do Patrimônio<br />

Cultural. 1991. p. 11.<br />

92 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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