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Musas7

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muito concretamente são portadores das operações de produção<br />

de sentido, significa reconhecer, em oposição à antiga<br />

história intelectual, que nem as ideias nem as interpretações<br />

são desencarnadas e que, contrariamente ao que colocam<br />

os pensamentos universalizantes, as categorias dadas<br />

como invariantes, sejam elas fenomenológicas ou filosóficas,<br />

devem ser pensadas em função da descontinuidade das trajetórias<br />

históricas.<br />

Por fim, percebemos que, em geral, há tendência<br />

na utilização do termo regional como forma de<br />

caraterização de aspectos da cultura local nas<br />

exposições, de modo que, para nós, assim como para<br />

Albuquerque Jr 7 :<br />

A emergência dos estudos do folclore regional e a<br />

emergência da noção de cultura nordestina parecem ser<br />

inseparáveis do declínio de importância econômica e política<br />

vivido por estes também no mundo das letras. O estudo do<br />

folclore local, das tradições regionais, parece ser uma forma<br />

de defesa de um dado momento histórico [...] o estudo da<br />

cultura popular seria uma espécie de consciência regional<br />

que se contraporia ao traço centralizador do Estado.<br />

Visto isso, o que podemos identificar também é<br />

que as exposições em sua grande maioria obedeciam<br />

a um regime de efemérides, ou seja, acompanhavam<br />

um calendário comemorativo, com menções a ações<br />

relacionadas à semana do folclore, a festividades de<br />

datas comemorativas e a feriados históricos, tais<br />

como Dia do Índio e Proclamação da República.<br />

Há exemplo da realização da semana dedicada<br />

ao centenário de nascimento de Estácio Coimbra,<br />

em comemoração à semana comemorativa da<br />

Independência do Brasil, além de palestras, uma<br />

das passagens do Relatório de Gestão, do ano de<br />

“De modo geral, os temas do<br />

folclore e da cultura popular<br />

são associados sempre a<br />

representações acerca da<br />

região Nordeste, organizadas<br />

pelas práticas do Demu.”<br />

1972, afirma que “Um dos pontos de atuação desta<br />

iniciativa cultural foi a inauguração da exposição de<br />

objetos pertencentes ao homenageado, organizada<br />

por Aécio de Oliveira, diretor do Departamento de<br />

Museologia do IJNPS” 8 .<br />

Essa passagem revela que em muitas ocasiões<br />

o Demu era convocado a realizar exposições<br />

que atendessem a demandas de produções das<br />

eventologias realizadas pelo Instituto. Que o<br />

Departamento atendesse às demandas do IJNPS<br />

não é necessariamente a questão, o que se coloca<br />

é a percepção de história e de prática museológica<br />

do IJNPS. As expressões dos textos utilizados como<br />

fontes nos sugerem interpretar que as exposições<br />

eram identificadas como prática ilustrativa de uma<br />

dada história ou acontecimento, ou da vida de um<br />

dado personagem histórico ou folclórico.<br />

Nesse sentido, tais ações reiteravam o caráter não<br />

só ilustrativo e estetizante do objeto musealizado,<br />

mas perdiam de vista a complexidade do fazer<br />

museal como produtor de sentidos e discursos sobre<br />

7. ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. Op.cit. p. 51.<br />

8. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Relatórios do exercício de 1973. Recife, s/pág. 1974, p. 32. [Trabalho<br />

não publicado, Arquivo Presidência].<br />

52 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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