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Musas7

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Foto: Aline Dias Kormann/ Acervo pessoal<br />

Atividades educativas, culturais e recreativas mantêm o Complexo<br />

da Estação da Memória como espaço relevante em Joinville capaz de<br />

congregar públicos de diversos segmentos sociais e etários.<br />

trabalho na produção social do saber. Dessa forma,<br />

Demerval Saviani 5 esclarece:<br />

[...] A produção social do saber é histórica, portanto não é<br />

obra de cada geração independente das demais. O problema<br />

da pedagogia é justamente permitir que as novas gerações<br />

se apropriem, sem necessidade de refazer o processo, do<br />

patrimônio da humanidade, isto é, daqueles elementos que<br />

a humanidade já produziu e elaborou.<br />

Na reinauguração da Estação da Memória em<br />

2008, um dos objetivos da Fundação Cultural de<br />

Joinville era de agrupar expoentes do patrimônio<br />

material e imaterial do município em seu espaço.<br />

Transformar a Estação em um organismo vivo. Para<br />

reviver memórias ali experimentadas ou não. Por<br />

isso, na sala da bilheteria, monumentalizou-se uma<br />

bilheteria de madeira, no centro da sala. Como era nos<br />

tempos de funcionamento da Estação Ferroviária,<br />

lembravam os ferroviários, quando visitavam o<br />

espaço, ladeada por um conjunto imagético de<br />

painéis, que traziam sambaquis, fábricas, boi de<br />

mamão, bicicletas, candomblé, museus de imigração<br />

e outros exemplares de patrimônios da cidade de<br />

Joinville, como se na plataforma da Estação vivessem<br />

harmoniosamente todas as expressões culturais<br />

da cidade. Repetindo a máxima de que a Estação<br />

Ferroviária fosse celebrada como transformação<br />

social, econômica e cultural da cidade, a Estação<br />

da Memória, sobretudo, pretendia ser uma unidade<br />

que refletisse sobre a história na sua totalidade.<br />

Embora a totalidade nunca consiga ser inventariada<br />

plenamente. Porém, a Estação Ferroviária esteve<br />

continuadamente em um contexto de tensões, de<br />

múltiplas lembranças, de disputas de governos e<br />

projetos, de histórias e memórias.<br />

Os trabalhadores que atuaram no funcionamento<br />

estrutural da ferrovia representam, dentro desse<br />

contexto, um saber fazer ameaçado de desaparecer.<br />

Os ferroviários iam e vinham, como o badalo do<br />

sino tocado por seu Aroldo, mecânico aposentado<br />

da Estação, que vinha visitá-la todo dia e sempre<br />

repetia com entusiasmo: “naquele tempo era bom”,<br />

“todos que trabalhavam comigo morreram”, “aqui<br />

só tem eu vivo”. E era justamente essa fala viva,<br />

nostálgica, que o setor de educação queria registrar.<br />

Daqueles que ali viveram e trabalharam. Um<br />

saber registrado e salvaguardado pelos espaços de<br />

memória que o tempo cria.<br />

Ao dar voz ao mecânico, ao telegrafista e ao<br />

guarda-freio, observa-se as transformações nas<br />

5. SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico crítica: primeiras aproximações. 7 a ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000. Coleção Polêmicas do Nosso Tempo;<br />

v. 40. p. 92.<br />

93 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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