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Musas7

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“Os dois heróis<br />

míticos, Yo´i<br />

e Ipi. O Pedro<br />

Inácio, que é<br />

um índio Ticuna<br />

sábio, fez uns<br />

desenhos<br />

coloridos desses<br />

dois heróis<br />

míticos, dos<br />

quais só se ouvia<br />

falar, mas nunca<br />

se tinha visto. O<br />

museu permitiu<br />

que vissem pela<br />

primeira vez.<br />

Então um índio<br />

definiu: ‘museu<br />

é um lugar que<br />

serve para colorir<br />

o pensamento!”<br />

consciência da importância do museu para a identidade, para a luta, para<br />

a resistência. Então você tem esse caso do México. Mas no Brasil começa<br />

essa consciência também com museus comunitários, museus indígenas.<br />

Eu assisti à inauguração do Museu da Maré que foi uma coisa assim... Até<br />

hoje eu me emociono lembrando. O Gilberto Gil estava lá. Nesse mesmo<br />

dia, o ministro da Cultura tinha sido convocado para ir a uma solenidade no<br />

Congresso Nacional. Ele mandou o Sérgio Mamberti representá-lo e ele<br />

veio para o Museu da Maré. Nenhum ministro faria isso. Todos os ministros<br />

dariam prioridade para lá. Ele veio para cá e durante a manhã toda, um sol<br />

lindo. No final, o discurso do ministro Gilberto Gil. Ele pegou o violão e<br />

disse: “O meu discurso vai ser cantado com a participação de vocês”. E<br />

aí: “Nós estamos aqui reunidos... êêêê reunidos, camará, para inaugurar<br />

o Museu da Maré, êêêê da Maré, camará...”. E aí foi fazendo seu discurso<br />

com o coro. E eu achei uma maravilha. Mas e a situação do Museu da Maré<br />

hoje? Como é que está? Eu acho que, é claro, nós temos que discutir isso<br />

também. O próprio Museu Magüta. Qual é a situação do Museu Magüta<br />

hoje? Quer dizer, são experiências que nem sempre apontam naquela<br />

direção que a gente quer, mas são marcos, são referências de resistência e<br />

de organização. Acho que no Brasil nós ainda não temos uma consciência<br />

tão profunda da importância do museu como se tem no México, mas<br />

isso é um processo também que se está criando, não é? Eu acho que é<br />

uma experiência que a sociedade brasileira está passando para mostrar<br />

a importância dessa instituição, de defender essa instituição para a<br />

identidade nacional, para a cultura brasileira.<br />

MUSAS: Que experiências de museus comunitários e de museus<br />

indígenas chamam sua atenção atualmente?<br />

BF: Olha, nós temos ali no Amapá dois museus importantes. Um é o Museu<br />

Kuahí, no Oiapoque, e outro é um museu em Macapá, Sacaca. A gente<br />

soube recentemente que o teto caiu, que não tem recursos para recompor<br />

o museu. São todas essas dificuldades que se enfrentam, mas longe de tirar<br />

a importância do museu. Ao contrário, isso só renova a nossa necessidade<br />

de lutar por eles. Acompanhei também um pouco a experiência dos museus<br />

176 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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