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Musas7

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as relações estabelecidas entre as instituições culturais com o governo<br />

autoritário. As instituições culturais que representam o Estado ao difundir<br />

para a sociedade a ideia de harmonia cultural, ressaltada por meio dos<br />

valores nacionais, acabam por produzir consenso, gerando consentimentos<br />

favoráveis ao regime autoritário. Quando se consolidam os valores nacionais<br />

verifica-se que este estado autoritário se aproxima da legitimidade gerada<br />

pela propaganda de estabilidade cultural. Nessa discussão, Quadrat e<br />

Rollemberg questionam na história do regime autoritário do Brasil recente,<br />

como os consensos foram criados; como as acomodações de interesses<br />

fizeram-se em regimes autoritários através de mecanismos traduzidos em<br />

ganhos materiais e/ou simbólicos para as sociedades 2 .<br />

Neste foco de análise, considerar que o Museu de Folclore é criado<br />

no contexto de um regime político autoritário torna-se relevante para<br />

identificar a busca deste Estado por legitimidade. Desta forma, no que<br />

se refere ao papel do Estado durante o regime civil militar, Fontes e<br />

Mendonça salientam que no referido regime, o Estado construiu uma<br />

ideologia com base organicista para difundir a ideia de harmonia social no<br />

Bloco Ocidental buscando legitimidade 3 .<br />

Renato Almeida nasceu em 1895 e faleceu em 1981. Formou-se em<br />

Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais. Trabalhou como<br />

advogado e jornalista. Colaborou em diversos periódicos, como o Monitor<br />

Mercantil e América Brasileira, do qual chegou a redator-chefe. Em 1926,<br />

foi nomeado diretor do Lycée Français (hoje Colégio Franco-Brasileiro)<br />

do Rio de Janeiro. Por essa época, ingressou no Ministério das Relações<br />

Exteriores, chefiando por um longo período o serviço de documentação<br />

do Itamaraty, representando-o também em missões oficiais no exterior.<br />

No ano de 1947, foi um dos fundadores da Comissão Estadual de Folclore.<br />

Entre 1947 e 1952, promoveu em vários estados, como Rio de Janeiro, São<br />

Paulo, Rio Grande do Sul e Alagoas, a Semana do Folclore. Foi membro<br />

de várias associações culturais brasileiras e estrangeiras. Foi nomeado<br />

diretor-executivo da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro em 1964.<br />

E foi diretor do primeiro Museu de Folclore do país de 1968 a 1974.<br />

Em 1964, após a implantação do golpe civil militar, Édison de Souza<br />

Carneiro 4 , que dirigia a Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro,<br />

“Por meio da gestão<br />

de Renato Almeida,<br />

a instituição por ele<br />

dirigida propagava<br />

em torno do folclore<br />

os valores cívicos para<br />

enaltecer a pátria.”<br />

2. QUADRAT, Samantha Viz. ROLLEM-<br />

BERG, Denise. A construção social dos regimes<br />

autoritários. Legitimando consenso e<br />

gerando consentimento no século XX Brasil e<br />

América Latina. (orgs). Rio de Janeiro: Civilização<br />

Brasileira, 2010.<br />

3. FONTES, Virgínia Maria. MENDONÇA,<br />

Sônia Regina de. História do Brasil Recente –<br />

1964 – 1992. São Paulo: Ática, 2006.<br />

4. Foi um dos responsáveis pela estruturação<br />

da Campanha de Defesa ao Folclore<br />

Brasileiro, do Ministério da Educação – MEC,<br />

participando como membro do seu Conselho<br />

Técnico, de 1958 a 1961, sendo nomeado<br />

diretor-executivo, no período de 1961 a 1964.<br />

Fundo folcloristas Édison Carneiro. Biblioteca<br />

Amadeu Amaral. Centro Nacional do Folclore<br />

e Cultura Popular, Rio de Janeiro, s/d.<br />

133 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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