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Musas7

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objeto, mas ainda hoje, apesar do incremento da literatura especializada<br />

disponível e das técnicas de datação baseadas na análise visual e física dos<br />

objetos, esse modo impreciso de registrar tecidos e trajes permanece em<br />

prática. Na exposição Brasil+500: mostra do redescobrimento (23 de abril<br />

a 7 de setembro de 2000, Parque do Ibirapuera, São Paulo), muitos objetos<br />

que podem ser considerados indumentária de populações indígenas do<br />

norte do país não estavam datados e sequer havia uma descrição primária<br />

de seus materiais. Indumentária continua sendo subvalorizada como<br />

categoria do patrimônio e como categoria antropológica.<br />

Apesar de ser muito recentemente que as coleções de indumentária<br />

em museus brasileiros tenham ficado mais visíveis – o Setor de Têxteis<br />

do Museu Paulista foi criado na década de 1990; o primeiro Seminário<br />

Internacional sobre Têxteis em coleções de museus, em 2006; alguns<br />

trajes e pequenas coleções que passam a ser estudadas no século XXI em<br />

trabalhos de pesquisa de pós-graduação – o interesse pelo assunto é mais<br />

antigo. Há estudos etnográficos como os do casal Luiza e Arthur Ramos<br />

(coleção de renda que hoje está na Casa de José de Alencar, Fortaleza/<br />

42. Sophia Jobim intitulava-se indumentarista,<br />

uma estudiosa da indumentária.<br />

43. REIS, Claudia B. Catálogo da coleção<br />

de indumentária da Casa de Rui Barbosa,<br />

1999, p. 9.<br />

Redingote de veludo marrom escuro. Golas<br />

e punhos em veludo recortado, com aplicações<br />

de soutache prateado, formando desenhos<br />

geométricos, finalizados por renda. (No século<br />

XVIII, redingote designava um casaco que os<br />

homens usavam em suas viagens a cavalo.<br />

A partir de 1775, foi adotado pelas mulheres,<br />

tornando-se acinturado para deixá-lo mais<br />

feminino. Ao final do século XIX e início do<br />

XX, passou a ser usado como vestido longo e<br />

ajustado.) Charles Worth, França, 1880.<br />

CE); formação de coleções particulares, como a da indumentarista 42<br />

Sofia Jobim (doada em 1963 ao Museu Histórico Nacional); a formação<br />

de coleções especializadas, como a do Museu de Arte Antiga Feminina<br />

(hoje Museu do Traje e do Têxtil, Instituto Feminino da Bahia), ainda<br />

na primeira metade do século XX; e estudos sobre coleções específicas<br />

realizados nos museus e de acesso mais restrito a pesquisadores. Essa<br />

última categoria me chama a atenção porque demonstra que o interesse<br />

e a utilidade dessas coleções são notadas ainda que de modo restrito,<br />

mas permanecem subvalorizadas como objeto de pesquisa pelas ciências<br />

sociais de um modo geral.<br />

O acervo de indumentária da Casa de Rui Barbosa, por exemplo, é um<br />

desses casos. A pesquisa realizada na década de 1990 por Claudia Barbosa<br />

Reis e publicada em forma de catálogo em 1999 informa que a indumentária<br />

é um documento e que através do estudo dos trajes de Rui Barbosa<br />

e esposa “analisamos a posição social do casal, sua relação com os ditames<br />

da sociedade e sua relevância no contexto social em que viveram” 43 .<br />

O estudo das coleções de indumentária no Brasil é, portanto, pertinente<br />

Foto: Douglas Montes / Acervo Museu Casa da Hera

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