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Musas7

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de uso cotidiano, como linguagem, signo visual,<br />

símbolo de status, de representação de gênero,<br />

como forma de expressão pessoal e coletiva, pois<br />

ela encerra em si a minha identidade e as minhas<br />

escolhas, bem como o reflexo de meu ambiente<br />

sociocultural. Não à toa, uma das questões mais<br />

discutidas na contemporaneidade tem sido a<br />

relação entre gênero e vestimenta, pois a roupa<br />

é a linguagem primeiramente visível ao olhar do<br />

outro e que, portanto, face a qualquer subversão<br />

de seu uso, provoca choque e afronta. Afinal, como<br />

observa o filósofo Maurice Merleau-Ponty, um corpo<br />

deve ser lido em conjunto com todos os outros aos<br />

quais ele se associa; isto é, meu corpo se contrapõe,<br />

inevitavelmente, a todos os outros corpos que não<br />

são o meu. Um corpo não existe sozinho, ele existe<br />

em constante (inter)ação com outros corpos.<br />

E o que falar das possibilidades da moda na ação<br />

educativa com o público infantojuvenil?<br />

“ (...) a moda e a roupa podem<br />

ser utilizadas na ação educativa<br />

de qualquer tipologia de<br />

museus, abrindo-se como<br />

espaço de encontro, seja de<br />

mediadores seja de diferentes<br />

períodos históricos.”<br />

A moda, investigada como campo de reflexão<br />

e de ação junto a crianças e adolescentes, se<br />

apresenta como rico material de trabalho junto a<br />

essa faixa-etária, especialmente por tocar temas<br />

tão caros quanto delicados presentes no cotidiano,<br />

tais como padrão de beleza, gênero, consumismo,<br />

sustentabilidade, racismo, diversidade, bem como,<br />

naturalmente, história da moda, da arte e da<br />

cultura. Quando a reflexão feita a partir do objeto<br />

ou da literatura é acompanhada de atividades<br />

manuais, como são as oficinas e os ateliês criativos,<br />

o pensamento crítico é estimulado de outra forma,<br />

através de outra vivência, que busca aproximar a<br />

criança da experiência da criação e da invenção.<br />

Afinal, vivemos a moda em nosso cotidiano, e para<br />

problematizá-la é preciso trabalhar todos os seus<br />

aspectos: sua imaterialidade (leitura e debate) e sua<br />

materialidade (oficinas criativas).<br />

A moda mostra-se então um amplo campo de<br />

investigação junto ao público infantil e jovem,<br />

justamente por reunir, em essência, a materialidade<br />

da roupa e a imaterialidade da representação social<br />

como signo visual, ideia que remete à reflexão de<br />

Walter Benjamin, no ensaio A obra de arte na era<br />

de sua reprodutibilidade técnica: a autenticidade<br />

de um objeto é a quintessência de tudo o que foi<br />

transmitido pela tradição, a partir de sua origem,<br />

desde sua duração material até o seu testemunho<br />

histórico. Assim, a vivência da criança, seu cotidiano<br />

escolar e familiar se transformam em ricos contextos<br />

266 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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