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Musas7

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“Na década<br />

de 1870, 1877,<br />

quando começam<br />

as grandes<br />

migrações<br />

nordestinas – o<br />

Simonsen e o<br />

Celso Furtado<br />

calculam em<br />

500.000<br />

nordestinos que<br />

entraram na<br />

Amazônia, todos<br />

eles portadores<br />

de português<br />

–, e foi aí que<br />

houve então<br />

a hegemonia<br />

da língua<br />

portuguesa.”<br />

10. A exposição “O Rio de Janeiro continua<br />

índio” ficou aberta ao público no Centro<br />

Cultural da Universidade do Estado do Rio de<br />

Janeiro entre os dias 8 e 29 de abril de 2016.<br />

11. Renato Janine Ribeiro, filósofo brasileiro,<br />

professor titular de Ética e Filosofia Política<br />

da Universidade de São Paulo. Foi ministro<br />

da Educação, de abril a setembro de 2015,<br />

durante o segundo governo de Dilma Rousseff.<br />

Justiça do Estado do Rio de Janeiro. O título “O Rio de Janeiro continua<br />

índio” 10 , pegando um pouco da ideia do Gil, “o Rio de Janeiro continua<br />

lindo”. Aí a gente dá uma visão do que foi a presença [indígena] para<br />

mostrar esse apagamento que houve e que foi violento. Por exemplo, a<br />

gente pega uma carta que eu reproduzo que é do André Soares de Souza,<br />

engenheiro dos Arcos da Lapa. Os jesuítas queriam que fossem pagos<br />

quatro vinténs pros índios que trabalhavam na construção dos Arcos da<br />

Lapa. Olha o que o cara diz pro rei: “Senhor, dizem os oficiais do Senado<br />

da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro que eles atualmente estão<br />

continuando a obra de condução das águas da Carioca para a cidade como<br />

vossa majestade fez servir mandar determinar, a qual obra se não pode<br />

fazer sem assistência dos índios que são os trabalhadores que naquelas<br />

partes costumam trabalhar e sempre foi uso e costume dar-se-lhe de<br />

seu jornal assim nas obras do dito Senado como nas obras de engenhos<br />

particulares de comer todos os dias e no caso de um mês suas tantas varas<br />

de algodão. Por ora, o reverendo padre reitor da Companhia da dita cidade<br />

não ter esse antigo costume e querer que se dê aos ditos índios quatro<br />

vinténs cada dia sobre o que tem feito o reverendo padre reitor, ao que<br />

vossa majestade que deve ser servido não lhe dessem por quanto todo o<br />

atendimento do subsídio pequeno aplicado à dita obra não será bastante<br />

só para jornada dos ditos índios por serem muitos os que trabalham na<br />

dita obra e somente se faz considerar dispêndio. Pelo que peço à vossa<br />

majestade e faço conceder-lhe em previsão para que se não possa alterar<br />

o jornal dos ditos índios até aqui observados”. Ele assina. Quer dizer,<br />

até hoje não pagaram os quatro vinténs porque você passa debaixo dos<br />

Arcos da Lapa e não tem uma referência de que aquilo foi construído<br />

pelo trabalho indígena. É um processo de apagamento. E mais: olha<br />

como é mais grave. Veio uma proposta das bases nacionais curriculares<br />

comuns. O MEC, na época do Janine 11 , criou uma comissão para elaborar<br />

as bases curriculares comuns. O que poderia haver de comum para todo<br />

o Brasil? Chama uma equipe de historiadores, que diz que tem que abrir<br />

espaço para a história indígena e para a história africana. Puta merda! É<br />

um documento ainda para ser discutido. O Demétrio Magnoli, na Folha<br />

de São Paulo, no caderno Ilustríssima, ele com uma outra doutora da<br />

190 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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