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O CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICO DE CRIAÇÃO<br />
DO MUSEU DE FOLCLORE<br />
Foto: Autor desconhecido<br />
A criação do Museu de Folclore, no Rio de Janeiro, em 1968, está<br />
relacionada a dois eventos importantes. O primeiro se refere ao fim da<br />
Segunda Guerra Mundial. E o segundo ao desempenho dos intelectuais da<br />
Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro. Com o fim da Segunda Guerra<br />
Mundial fundou-se a Organização das Nações Unidas para a Educação, a<br />
Ciência e a Cultura – Unesco, em 16 de novembro de 1946, com o objetivo<br />
de contribuir para a paz e a segurança no mundo mediante a educação, a<br />
ciência e a cultura. O órgão criou políticas de salvaguarda do patrimônio<br />
cultural mediante estímulo da criação, atividades e preservação das<br />
entidades culturais e tradições orais; a raiz do Instituto Nacional do<br />
Folclore liga-se à criação da Unesco 5 .<br />
Como apontado por Renato Almeida, o Brasil foi o primeiro país a<br />
instituir politicamente uma organização de defesa da cultura e das<br />
tradições populares. Em 1947 foi criada a Comissão Estadual de Folclore,<br />
vinculada ao Instituto de Educação, Ciência e Cultura – IBECC. Uma das<br />
áreas de ação do órgão era atuar no cenário cultural e político do país.<br />
O desenvolvimento gradativo em torno da defesa ao folclore brasileiro<br />
desencadeou na implantação do Decreto n o 43.178, de 05 de fevereiro de<br />
1958, que institui a Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro:<br />
Às dezessete horas e trinta minutos do dia vinte e seis de agosto de mil e novecentos<br />
e cinquenta e oito, no Salão Nobre do Palácio da Educação, foi solenemente instalada,<br />
pelo Senhor Ministro da Educação e Cultura, Professor Clóvis Salgado, a Campanha<br />
de Defesa ao Folclore Brasileiro, instituída pelo Decreto n o 43.178, de 05 de fevereiro<br />
de 1958, com a posse de membros do Conselho Técnico de Folclore, órgão dirigente<br />
daquela Campanha, designados por portarias ministeriais publicadas no Diário<br />
Oficial de cinco de agosto de mil novecentos e cinquenta e oito, a saber: Morzart de<br />
Araújo, membro e Diretor Executivo da Campanha, Renato Almeida, membro nato,<br />
na qualidade de secretário geral da Comissão Nacional de Folclore, Manoel Diegues<br />
Junior, este ausente por doença, Édison Carneiro e Joaquim Ribeiro 6 .<br />
Fundado em forma de convênio com o Museu Histórico Nacional 7 e<br />
anexado ao Museu da República, o Museu de Folclore, em 1976, receberá<br />
o nome de Édison Carneiro em homenagem ao intelectual, falecido<br />
5. As raízes do Instituto Nacional do Folclore<br />
prendem-se, em primeira instância, à<br />
própria criação da Unesco. O preâmbulo da<br />
Convenção de Londres, de 16 de novembro<br />
de 1946, que instituiu a Unesco, determinou,<br />
em seu Artigo 7, o estabelecimento em cada<br />
país, de organismos compostos de Delegados<br />
Governamentais e de grupos interessados<br />
em educação, ciência e cultura, destinados a<br />
coordenar esforços nacionais, associá-los à<br />
atividade daquela organização e assessorar<br />
os respectivos governos e delegados às<br />
Conferências e Congressos, como agentes de<br />
ligação e informação. A área de atuação de<br />
estudos folclóricos no Brasil estruturou-se há<br />
algumas décadas como resultado de ampla<br />
movimentação nacional e internacional.<br />
Um impulso decisivo foi a recomendação da<br />
Unesco, no pós-guerra, de criação em seus<br />
países-membros de organismos voltados<br />
para o conhecimento de culturas populares.<br />
6. Ata de Instalação da Campanha de Defesa<br />
ao Folclore Brasileiro. Documentação<br />
da Biblioteca Amadeu Amaral do Centro<br />
Nacional de Folclore e Cultura Popular, s/d.<br />
7. O Acordo. O Museu Histórico Nacional, que<br />
nesse instrumento de convênio, passará a ser<br />
denominado Museu da Campanha de Defesa<br />
ao Folclore Brasileiro. Biblioteca Amadeu<br />
Amaral do Centro Nacional de Folclore e<br />
Cultura Popular. Rio de Janeiro, 22 de agosto<br />
de 1968, fala do ex-diretor da Campanha<br />
Renato Almeida.<br />
135 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7