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Musas7

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“Como eles<br />

estavam<br />

pensando que<br />

a tradição<br />

oral estava se<br />

esfacelando,<br />

outro índio disse:<br />

‘museu é o lugar<br />

que serve para<br />

segurar as coisas<br />

no mundo’.<br />

Uma terceira<br />

definição que<br />

achei muito bela<br />

também foi:<br />

‘museu é o lugar<br />

que serve para<br />

guardar nosso<br />

futuro!’”<br />

pelos índios, quando eles tomaram essa instituição, eles ressignificaram<br />

e redefiniram. Eles apontam para uma definição que não devia ser só dos<br />

museus feitos pelos índios, pelos museus indígenas, mas definição que<br />

nós gostaríamos muito que definisse o que é a instituição museu, “lugar<br />

que serve para guardar nosso futuro”, “colorir o pensamento”, “segurar as<br />

coisas no mundo”. Maravilha!<br />

MUSAS: Sua formação é muito diversa. Primeiro, o senhor fez o curso<br />

normal, depois comunicação social, tem passagem pela sociologia, a<br />

sociologia do desenvolvimento mais especificamente, história e letras.<br />

Foi um movimento consciente e planejado ou foi um movimento ao<br />

qual você teve que se ater para dar conta das questões que foram<br />

surgindo em sua vida intelectual?<br />

BF: Não. Foi anárquico mesmo. Por exemplo, minha mulher, desde o<br />

jardim de infância, estava programada e ela tem uma formação sólida.<br />

Eu saí pulando de uma área para outra. O que eu pensei? Por que não<br />

defendi minha tese na França? Eu tinha no final um ano para redigir. E ou<br />

eu redigia com o pouco que eu tinha ou eu continuava metendo o pé na<br />

biblioteca e nos arquivos na França. Se você pegar uma biblioteca como a<br />

Biblioteca Nacional de Paris, na época, hoje Biblioteca Nacional da França,<br />

você pede uma crônica do Walter Raleigh de 1598 e eles te dão. Aí ele diz:<br />

“anos antes de mim, passou o capitão Davis, que deixou...”. Você nem<br />

precisa ir no fichário. Pede o capitão Davis [John Davis (1543-1605) foi um<br />

dos principais navegadores e exploradores ingleses] e eles têm tudo. Aí eu<br />

pensei: “Poxa, vou passar esse último ano redigindo provavelmente uma<br />

tese medíocre e deixando de aproveitar essa enorme fonte de informação”.<br />

Ia voltar para Manaus e Manaus não tem nada. Chamei minha mulher e<br />

minha filha que, na época, tinha sete, oito anos, e disse: “Olha, eu não<br />

preciso ser doutor para ser feliz, mas eu preciso desse conhecimento.<br />

Nesse momento, é incompatível o doutorado com o conhecimento que<br />

eu estou querendo buscar”. Incrível isso, mas estava me atrapalhando. Eu<br />

decidi que não ia fazer a tese. E não fiz. Passei esse ano todo pesquisando.<br />

Como é esse movimento? Eu estava interessado na força de trabalho<br />

172 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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