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Propalar civismo e folclore foi algo que se materializou na gestão de<br />
21. POULOT, Dominique. Museu e Museologia.<br />
Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 59.<br />
22. Atas de Instalação da Campanha de Defesa<br />
ao Folclore Brasileiro. Biblioteca Amadeu<br />
Amaral do Centro Nacional de Folclore e<br />
Cultura Popular, Rio de Janeiro, 1958.<br />
23. Projetos Prioritários – Organização do<br />
Museu de Folclore. Biblioteca Amadeu<br />
Amaral do Centro Nacional de Folclore e<br />
Cultura Popular, Rio de Janeiro, s/d.<br />
24. Noticiário, 1970: p. 264. Biblioteca Amadeu<br />
Amaral do Centro Nacional de Folclore e<br />
Cultura Popular, Rio de Janeiro.<br />
“A relação<br />
entre civismo<br />
e folclore fez<br />
parte do projeto<br />
de construção<br />
da nação cuja<br />
proposta era<br />
garantir a<br />
continuidade do<br />
discurso de que o<br />
erudito civilizaria<br />
os segmentos<br />
populares.”<br />
Renato Almeida no Museu de Folclore. Considerando que o Museu é<br />
uma instituição criada para instruir os cidadãos em torno dos valores<br />
cívicos nacionais e despertar sentimentos afetivos para traçar os laços de<br />
identidade, aproximamos esta discussão cada vez mais do pensamento<br />
de Poulot que ao observar os museus destacou que:<br />
A fundação dos museus nacionais iniciada em grande parte pela Revolução Francesa<br />
converte, em seguida, o direito de entrar no museu em um direito do cidadão e,<br />
ao mesmo tempo, em uma necessidade para identidade e para reprodução da nova<br />
comunidade imaginada 21 (grifos nossos).<br />
A relação entre civismo e folclore fez parte do projeto de construção<br />
da nação cuja proposta era garantir a continuidade do discurso de que o<br />
erudito civilizaria os segmentos populares. E neste sentido, o folclore foi<br />
um projeto civilizador, pois por meio do civismo o povo seria instruído em<br />
torno dos valores nacionais:<br />
O estudo e a defesa de nosso folclore, tal como apelou o chefe da nação, o Congresso<br />
do Rio de Janeiro, apelo a que prometeu atender o Presidente Juscelino Kubistchek, na<br />
instalação do III Congresso reunido em Salvador, no ano passado. Afirmou então sua<br />
Excelência: “quanto mais conhecermos, em bases científicas, os atos culturais da nossa<br />
gente, tanto maior a possibilidade de se fazer tranquilamente o planejamento do gênero,<br />
no que tange ao levantamento dos níveis da civilização e coletividade” 22 (grifos nossos).<br />
Merece destaque o desejo de se criar Museus de Folclore pelos<br />
folcloristas da Campanha de Defesa ao Folclore Brasileiro: “Sem museu<br />
não se estuda folclore” 23 . Seria esse o caminho para consolidar o civismo<br />
e o folclore, assim, civilizar e construir a nação? Por que criar Museus de<br />
Folclore era importante? Este pode se explicar pelo fato de que o museu<br />
instrui a sociedade de que valores nacionais são pedagógicos, sendo<br />
assim, indispensável na construção dos sentimentos patrióticos muito<br />
solicitados em contextos políticos autoritários em que o Estado busca<br />
legitimar para a sociedade uma falsa ideia de estabilidade cultural.<br />
A dança de pau de fitas era apresentada em comemoração ao 7 de<br />
setembro em frente ao Museu de Folclore 24 . O importante é identificar o<br />
compromisso do Museu de Folclore durante os eventos cívicos nacionais.<br />
A dança de pau de fitas, por exemplo, se caracteriza por uma manifestação<br />
140 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7