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Musas7

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esse era o objetivo do trabalho: que as comunidades<br />

tenham sua autonomia, seu empoderamento, sua<br />

independência. Que elas caminhem, pois temos que<br />

acompanhar outras que precisam da gente.<br />

Musas: Como é esse trabalho de coordenar o<br />

Ecomuseu? E como que a sua formação acadêmica<br />

e sua experiência anterior têm ajudado nisso?<br />

Terezinha: Isso também é muito importante. Eu já<br />

fui professora muitos anos, diretora de escola. E<br />

justamente quando fui diretora de escola, já com a<br />

experiência após conhecer a professora Laís, comecei<br />

com esse trabalho social, vendo que o trabalho não<br />

ficava dentro de uma instituição, mas que tinha que<br />

ir para seu contexto. Então minha experiência<br />

começou na realidade como diretora de escola,<br />

quando comecei a observar que a gente não pode<br />

ficar trancada dentro de uma instituição. A gente<br />

tem que interagir com seu entorno. E isso eu levei<br />

para o Ecomuseu, quando eu comecei a coordenar,<br />

quando fiquei responsável pela continuidade da<br />

criação do projeto. Então, como coordenar isso e<br />

colocar para as pessoas que a gente quer uma<br />

construção participativa, coletiva, de que todos<br />

fizessem parte? É muito difícil porque a nossa<br />

sociedade, nós, culturalmente, a gente sempre teve<br />

um chefe, então a gente espera sempre de alguém<br />

alguma coisa. E nós criamos esse Ecomuseu, tão<br />

diferenciado, com o poder público, porque nós<br />

somos funcionários públicos, mais as comunidades.<br />

Como nós faríamos essa gestão de forma que todos<br />

participassem? Eu comecei a pensar qual a<br />

experiência dessas pessoas todas, experiência de<br />

quem já vinha há muitos anos na área. Eu tenho uma<br />

relação muito boa com todas elas, e tinha minhas<br />

dúvidas e perguntava. Então eu falava com as<br />

pessoas que iam para o Ecomuseu que nós temos<br />

que valorizar a comunidade, a sabedoria, o<br />

conhecimento é delas e nós temos que sempre<br />

buscar o que elas sabem e querem fazer. Aí<br />

começamos a criar o projeto inicial, a prioridade da<br />

comunidade... E dentro desse projeto nós criamos<br />

um programa de capacitação. E comecei a pedir<br />

funcionários, porque eu não podia fazer tudo sozinha.<br />

E fomos conseguindo profissionais de diversas áreas:<br />

engenheiro ambiental, engenheiro florestal,<br />

agrônomo, arte educador, oficineiro, pedagogo,<br />

turismólogo. Chegamos num momento em que<br />

tínhamos uma equipe de dez pessoas de diversas<br />

áreas. E aí nós fomos criando os eixos temáticos,<br />

porque a gente criou uma metodologia dos eixos:<br />

Eixo Cultura, Eixo Meio Ambiente, Turismo de Base<br />

Comunitária e Cidadania. E esses profissionais iam se<br />

organizando por eixo, pela própria formação de cada<br />

um, porque estava complicando a cabeça das<br />

pessoas: “Eu sou engenheiro florestal, não sou da<br />

parte da cultura, não entendo de carimbó,<br />

Terezinha!”. Aí começamos a dividir. E o programa de<br />

capacitação foi sendo delineado a partir da<br />

metodologia do projeto do Ecomuseu da Amazônia.<br />

Então, através do programa de capacitação nós<br />

temos a parte teórica e a parte prática. Por exemplo,<br />

o agrônomo que vai trabalhar com a comunidade no<br />

plantar da mandioca para fazer a farinha não só vai<br />

dizer “Planta assim”. Ele primeiro dá um momento<br />

teórico, conversa com a comunidade e depois o<br />

plantar e acompanha. As comunidades sabem fazer<br />

231 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7

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