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esse era o objetivo do trabalho: que as comunidades<br />
tenham sua autonomia, seu empoderamento, sua<br />
independência. Que elas caminhem, pois temos que<br />
acompanhar outras que precisam da gente.<br />
Musas: Como é esse trabalho de coordenar o<br />
Ecomuseu? E como que a sua formação acadêmica<br />
e sua experiência anterior têm ajudado nisso?<br />
Terezinha: Isso também é muito importante. Eu já<br />
fui professora muitos anos, diretora de escola. E<br />
justamente quando fui diretora de escola, já com a<br />
experiência após conhecer a professora Laís, comecei<br />
com esse trabalho social, vendo que o trabalho não<br />
ficava dentro de uma instituição, mas que tinha que<br />
ir para seu contexto. Então minha experiência<br />
começou na realidade como diretora de escola,<br />
quando comecei a observar que a gente não pode<br />
ficar trancada dentro de uma instituição. A gente<br />
tem que interagir com seu entorno. E isso eu levei<br />
para o Ecomuseu, quando eu comecei a coordenar,<br />
quando fiquei responsável pela continuidade da<br />
criação do projeto. Então, como coordenar isso e<br />
colocar para as pessoas que a gente quer uma<br />
construção participativa, coletiva, de que todos<br />
fizessem parte? É muito difícil porque a nossa<br />
sociedade, nós, culturalmente, a gente sempre teve<br />
um chefe, então a gente espera sempre de alguém<br />
alguma coisa. E nós criamos esse Ecomuseu, tão<br />
diferenciado, com o poder público, porque nós<br />
somos funcionários públicos, mais as comunidades.<br />
Como nós faríamos essa gestão de forma que todos<br />
participassem? Eu comecei a pensar qual a<br />
experiência dessas pessoas todas, experiência de<br />
quem já vinha há muitos anos na área. Eu tenho uma<br />
relação muito boa com todas elas, e tinha minhas<br />
dúvidas e perguntava. Então eu falava com as<br />
pessoas que iam para o Ecomuseu que nós temos<br />
que valorizar a comunidade, a sabedoria, o<br />
conhecimento é delas e nós temos que sempre<br />
buscar o que elas sabem e querem fazer. Aí<br />
começamos a criar o projeto inicial, a prioridade da<br />
comunidade... E dentro desse projeto nós criamos<br />
um programa de capacitação. E comecei a pedir<br />
funcionários, porque eu não podia fazer tudo sozinha.<br />
E fomos conseguindo profissionais de diversas áreas:<br />
engenheiro ambiental, engenheiro florestal,<br />
agrônomo, arte educador, oficineiro, pedagogo,<br />
turismólogo. Chegamos num momento em que<br />
tínhamos uma equipe de dez pessoas de diversas<br />
áreas. E aí nós fomos criando os eixos temáticos,<br />
porque a gente criou uma metodologia dos eixos:<br />
Eixo Cultura, Eixo Meio Ambiente, Turismo de Base<br />
Comunitária e Cidadania. E esses profissionais iam se<br />
organizando por eixo, pela própria formação de cada<br />
um, porque estava complicando a cabeça das<br />
pessoas: “Eu sou engenheiro florestal, não sou da<br />
parte da cultura, não entendo de carimbó,<br />
Terezinha!”. Aí começamos a dividir. E o programa de<br />
capacitação foi sendo delineado a partir da<br />
metodologia do projeto do Ecomuseu da Amazônia.<br />
Então, através do programa de capacitação nós<br />
temos a parte teórica e a parte prática. Por exemplo,<br />
o agrônomo que vai trabalhar com a comunidade no<br />
plantar da mandioca para fazer a farinha não só vai<br />
dizer “Planta assim”. Ele primeiro dá um momento<br />
teórico, conversa com a comunidade e depois o<br />
plantar e acompanha. As comunidades sabem fazer<br />
231 • Revista MUSAS • 2016 • Nº 7