Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...
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ferida a ser cicatrizada, não po<strong>de</strong>mos fugir ao <strong>de</strong>ver. Mas, por igual,<br />
não nos cabe proce<strong>de</strong>r como se fossemos políticos stricto sensu.<br />
Somo-los, <strong>de</strong>certo, lato sensu, como agentes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estatal. Como<br />
antes acentua<strong>do</strong>, entre a postura conserva<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> intérpretes literais<br />
da lei, <strong>de</strong> "escravos" da mesma, e a pseu<strong>do</strong>-renova<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> "julga<strong>do</strong>res<br />
i<strong>de</strong>ológicos", presumin<strong>do</strong> como certo tu<strong>do</strong> o que favoreça aos "fracos,<br />
oprimi<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s"; e como erra<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que beneficie os<br />
"fortes, os opressores e os <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>res"; apresenta-se um gran<strong>de</strong><br />
espaço <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração, <strong>de</strong> exegese enriquecida por critérios <strong>de</strong> lógica,<br />
<strong>de</strong> eqüida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> teleologia, e correlatos. Se o imortal patrício<br />
Rui Barbosa salientou, por muito feliz, que "fora da lei, não há salvação",<br />
advertem-nos as Sagradas Escrituras <strong>de</strong> que "a letra mata, o<br />
espírito vivifica".<br />
Por fim, indispensável se afigura, por toda nossa grei, uma atitu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> humilda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>spojamento, aliada à outra, <strong>de</strong> firmeza e<br />
exigir <strong>de</strong> respeito. Tanto interna corporis quanto no relacionamento<br />
com partes, advoga<strong>do</strong>s, serventuários, autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer<br />
nível, e pessoas outras. Ou seja, uma conduta republicana, que repudie<br />
vaida<strong>de</strong>s e prepotências, que dê prevalência ao ser sobre o<br />
ter, mas que também seja expungida da vulgarida<strong>de</strong>, da <strong>de</strong>scortesia<br />
e da falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>coro. Indispensável também se <strong>de</strong>nota o resgate <strong>do</strong><br />
espírito associativo, <strong>de</strong>veras "machuca<strong>do</strong>" nos últimos tempos, e <strong>de</strong><br />
especial na terra fluminense, por fatores bilaterais que ora dispensam<br />
ser comenta<strong>do</strong>s. Defendamos as legítimas prerrogativas, que<br />
interessam mais à socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> que à nossa citada grei. Mas nunca<br />
ao ponto <strong>de</strong> sermos vistos como um segmento aristocrático "acima<br />
<strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal". Preservemos a hierarquia no Po<strong>de</strong>r. Mas nunca se<br />
coloque um <strong>de</strong>sembarga<strong>do</strong>r como um "marquês ou duque" diante<br />
<strong>de</strong> um juiz como "viscon<strong>de</strong> ou barão". E nunca se coloque o último,<br />
diante daquele, como um "rebel<strong>de</strong>". Ao invés <strong>de</strong> tal agir malsão,<br />
procuremos maior diálogo, maior compreensão mútua, maior transparência,<br />
<strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> nossos auditórios. Pugnemos pela celerida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>cisórios, mas sem prejuízo da qualida<strong>de</strong>.<br />
É o que <strong>de</strong> nos aguarda uma socieda<strong>de</strong> cindida e eivada <strong>de</strong><br />
mazelas, mas, ao mesmo tempo, repleta <strong>de</strong> esperanças <strong>de</strong> vida, e<br />
vida em abundância.<br />
116 Revista da EMERJ, v. 10, nº 40, 2007