14.04.2013 Views

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

gun<strong>do</strong> o princípio igualitário <strong>de</strong> igual oportunida<strong>de</strong> e bens para to<strong>do</strong>s,<br />

o qual, segun<strong>do</strong> a matriz econômica <strong>de</strong> cada país, sofrerá<br />

maior ou menor intensida<strong>de</strong>.<br />

A idéia <strong>de</strong> justiça associada à igualda<strong>de</strong> é antiga e remonta à<br />

Grécia antiga, segun<strong>do</strong> a filosofia <strong>de</strong> Platão e Aristóteles 3 , e é objeto<br />

<strong>de</strong> preocupação <strong>do</strong>s filósofos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Ida<strong>de</strong> Média até os tempos<br />

mo<strong>de</strong>rnos 4 . Em tempos contemporâneos, a famosa teoria da justiça<br />

<strong>de</strong> John Rawls chega à conclusão <strong>de</strong> que as noções fundamentais da<br />

justiça são, por um la<strong>do</strong>, a exigência <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e, por outro, a<br />

promoção das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s necessárias para beneficiar os mais<br />

<strong>de</strong>sfavoreci<strong>do</strong>s 5 . Esta teoria representa uma contribuição significativa<br />

para os princípios <strong>de</strong> justiça social <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na segunda<br />

meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XX e introduz uma vertente <strong>de</strong>mocrática 6 aos princípios<br />

<strong>de</strong> concretização da justiça social e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem-estar,<br />

ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a importância da diferença social e <strong>do</strong> pluralismo, como<br />

fatores <strong>de</strong> análise necessários à implantação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> bemestar<br />

socioeconômico.<br />

O processo <strong>de</strong>mocrático 7 modifica as bases da concepção <strong>de</strong><br />

justiça social, não só ao trazê-la para o âmbito da participação política,<br />

com o alargamento das bases <strong>do</strong> sufrágio que possibilitou uma<br />

maior participação no processo político 8 , como, também, ao introduzir<br />

a idéia <strong>de</strong> respeito à dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, alçada ao<br />

3 Para Aristóteles, respeitar a lei era respeitar a igualda<strong>de</strong>. Este filósofo, também, traz a distinção entre justiça distributiva<br />

e justiça corretiva. A primeira dará ensejo à construção das teorias sobre a proporcionalida<strong>de</strong> aplicada nas relações<br />

entre os indivíduos e o Esta<strong>do</strong>. Cf. Amaral, Diogo Freitas <strong>do</strong>. “O Princípio....”. Op. cit. P. 686 a 691.<br />

4 Cf. Ibi<strong>de</strong>m. Amaral, Diogo Freitas <strong>do</strong>. “O Princípio..... “. P. 691 a 698.<br />

5 Cf. Rawls, John. Uma Teoria da <strong>Justiça</strong>. Ed: Editorial Presença. Tradução Carlos Pinto Correia. Lisboa, 2001. P. 28:<br />

"(...) É necessário um conjunto <strong>de</strong> princípios que permitam optar por entre as diversas formas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação social que<br />

<strong>de</strong>terminam esta divisão <strong>do</strong>s benefícios, bem como obter um acor<strong>do</strong> sobre a repartição a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s mesmos. Estes<br />

princípios são os da justiça social: são eles que fornecem um critério para a atribuição <strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong>veres nas<br />

instituições básicas da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>finem a distribuição a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s encargos e benefícios da cooperação<br />

social."<br />

6 Cf. Ibi<strong>de</strong>m. Rawls, John. Uma Teoria...... P. 78 a 84.<br />

7 Sobre o princípio da <strong>de</strong>mocracia econômica, social e cultural ter a mesma dignida<strong>de</strong> constitucional <strong>do</strong> princípio<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> direito e da <strong>de</strong>mocracia política, todavia ele apresenta uma dimensão teleológica <strong>de</strong> fim <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e<br />

uma dimensão impositivo-constitucional, por ser uma tarefa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Cf. Canotilho, J.J. Gomes. Direito Constitucional<br />

e Teoria da Constituição. Ed: Almedina. 7ª edição (reimpressão). Coimbra, 2000. P. 337.<br />

8 Bonavi<strong>de</strong>s, Paulo. “O Princípio da <strong>Igualda<strong>de</strong></strong> como Limitação à Atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>”. In Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Direito Constitucional, nº 2. Julho e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003. Ed: Méto<strong>do</strong>. São Paulo, 2003. P. 218 e 219.<br />

48 Revista da EMERJ, v. 10, nº 40, 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!