14.04.2013 Views

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

objetivida<strong>de</strong> busca uma razão científica <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> geral. A neutralida<strong>de</strong><br />

se dilui em muitos aspectos diferentes. Alguns <strong>de</strong>les não<br />

são <strong>de</strong> difícil implementação, como a imparcialida<strong>de</strong>, que traduz a<br />

ausência <strong>de</strong> interesse imediato na questão, e a impessoalida<strong>de</strong>, ou<br />

seja, atuação pelo bem comum, e não para o favorecimento <strong>de</strong> alguns.<br />

Para que sejam atendi<strong>do</strong>s os princípios da imparcialida<strong>de</strong> e da<br />

impessoalida<strong>de</strong>, basta que o Juiz Criminal tenha serieda<strong>de</strong> firme e<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberada, para alcançar bem feita prestação jurisdicional.<br />

Contu<strong>do</strong>, a neutralida<strong>de</strong> pressupõe algo impossível, à primeira<br />

vista, conduzin<strong>do</strong> o magistra<strong>do</strong> para uma postura indiferente ao<br />

produto final <strong>do</strong> seu trabalho.<br />

Sabemos to<strong>do</strong>s, juízes que somos, que há uma infindável quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> casos que são <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>s pelo Judiciário que não mobilizam<br />

o Juiz em nenhum senti<strong>do</strong> que não o <strong>de</strong> burocraticamente cumprir<br />

seus <strong>de</strong>veres. Porém, outros tantos casos existem que envolvem<br />

a escolha <strong>de</strong> valores alternativamente possíveis, circunstância que<br />

exige <strong>do</strong> Juiz uma análise <strong>de</strong> prova mais cautelosa e <strong>de</strong>tida, sem<br />

afetar nem subverter a distribuição da aguardada justiça.<br />

Em princípio, logo vem à mente que, i<strong>de</strong>almente, o Juiz <strong>de</strong>ve<br />

ser sempre neutro, porque é possível conceber, pela sua formação<br />

moral e intelectual, que ele seja racionalmente prepara<strong>do</strong> e educa<strong>do</strong><br />

para a compreensão, para a tolerância, para a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r tu<strong>do</strong> aquilo que é diferente, seja o homossexual, o criminoso,<br />

o miserável ou o mentalmente enfermo.<br />

O Juiz não po<strong>de</strong> ignorar o or<strong>de</strong>namento jurídico, porém, com<br />

base em princípios constitucionais, aos quais <strong>de</strong>ve manter-se sempre<br />

atrela<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>rá paralisar a incidência da norma no caso concreto,<br />

ou buscar-lhe novo senti<strong>do</strong>, sempre que possa motivadamente<br />

<strong>de</strong>monstrar sua incompatibilida<strong>de</strong> com as exigências <strong>de</strong><br />

razoabilida<strong>de</strong> e justiça que são sempre subjacentes ao or<strong>de</strong>namento.<br />

O magistra<strong>do</strong> jamais <strong>de</strong>verá se conformar com a aplicação mecânica<br />

da norma, eximin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> em nome da<br />

lei, supon<strong>do</strong> que, assim proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, está no estrito cumprimento <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ver. Também não <strong>de</strong>ve o magistra<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> no campo pessoal,<br />

ser um contempla<strong>do</strong>r impassível da prova, eximin<strong>do</strong>-se da sua<br />

colheita.<br />

20 Revista da EMERJ, v. 10, nº 40, 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!