14.04.2013 Views

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

Autonomia Versus Igualdade - Emerj - Tribunal de Justiça do Estado ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> quatro elementos concomitantes, quais sejam: i) a confiança <strong>de</strong>ve<br />

fundar-se na conduta <strong>de</strong> outrem; ii) ela <strong>de</strong>ve ser justificada; iii) o<br />

agente <strong>de</strong>ve ter feito o chama<strong>do</strong> 'investimento <strong>de</strong> confiança'; e iv)<br />

há um comportamento que frustra a confiança criada e as providências<br />

nela fundadas.<br />

Inicialmente, temos a conduta justificada <strong>de</strong> outrem, que também<br />

é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> "conduta vinculante". Esta <strong>de</strong>ve traduzir-se<br />

na tomada <strong>de</strong> posição <strong>de</strong> quem a pratica em relação a <strong>de</strong>terminada<br />

situação jurídica. Ou seja, ela <strong>de</strong>ve ser uma exteriorização inequívoca<br />

da intenção <strong>do</strong> agente <strong>de</strong> criar, <strong>de</strong>finir, fixar, modificar, reafirmar,<br />

extinguir ou esclarecer uma <strong>de</strong>terminada situação jurídica.<br />

Esta exteriorização, ou, como Judith Martins-Costa aponta, este<br />

"sistema <strong>de</strong> referências extracontratual" po<strong>de</strong> manifestar-se <strong>de</strong> qualquer<br />

forma, contanto que "ligada a eventos anteriores, paralelos ou<br />

similares; ou à pessoa ou à conduta <strong>do</strong> contraente; ou a afirmações<br />

por ele produzidas ou suscitadas por sua conduta; ou nas condições<br />

<strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> plena e a<strong>de</strong>quada" 5 .<br />

A inexistência <strong>de</strong>sta "conduta vinculante" não implica, por certo,<br />

que não haja confiança <strong>de</strong> uma das partes em <strong>de</strong>terminada situação<br />

jurídica. O que falta é um elemento essencial para a aplicação da<br />

proteção jurídica da confiança, que é a auto-responsabilização daquele<br />

que <strong>de</strong>u ensejo à confiança <strong>de</strong> outrem, pela sua própria conduta.<br />

Sem este elemento, por parte <strong>de</strong> em quem se confiou, a confiança<br />

não possui força suficiente para invocar uma proteção jurídica<br />

e, portanto, não po<strong>de</strong>mos afirmar que houve uma "expectativa legítima"<br />

da outra parte.<br />

Daí <strong>de</strong>corre que não será consi<strong>de</strong>rada uma violação <strong>do</strong> princípio<br />

quan<strong>do</strong> diante <strong>de</strong> situações on<strong>de</strong> a intenção <strong>do</strong> agente não<br />

está clara ou <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> uma avaliação errônea <strong>do</strong> agente que confia.<br />

Nestas situações, falta a "conduta vinculante" e, portanto, o elemento<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>r da auto-responsabilização <strong>do</strong> agente.<br />

Acrescentamos, ainda, ao critério da "conduta vinculante", a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que esta esteja inserida na mesma situação jurídica<br />

em que ocorra a conduta contrária à confiança, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

5 Op. cit. p. 100.<br />

186 Revista da EMERJ, v. 10, nº 40, 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!