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Dilemas sobre as dependências de substâncias 107Cannabis, coca e papoula. Com gigantesco aporte midiático a alcunha de viciadopassou a constituir a figura mais aterrorizante do ideário popular, esterefuta de qualquer maneira a personificação daquilo que é considerado o quehá de pior e hediondo na sociedade, o indivíduo que abusa de substâncias.Em geral esta figura amedrontadora e construída socialmente contribui nãoapenas para o preconceito como também para a formulação das diretrizes políticase de distribuição de verba no que se refere ao combate do flagelo. Estamedida claramente acatada e de satisfação popular é antes de tudo uma armapara a criminalização da miséria e da vulnerabilidade. No caso do Brasil, o pavordo cidadão é que um ente de sua família venha consumir o crack. Não háfigura de maior pavor em nossa cultura contemporânea que um zumbi usadocomo termo popular e pejorativo para o consumidor de crack. Está associado,de maneira preconceituosa aos piores comportamentos e sentimentos que umser humano pode ter. Para tanto, cabe a estes praticantes de hábito pecaminosoo isolamento e/ou extermínio, alcunha que já serviu em outras épocaspara perseguir grupos sociais ou raciais específicos como os hereges, leprososou gays no período do aparecimento da Aids e se enquadrou perfeitamente nafigura do usuário em extremo abandono.A demonização dos usuários faz com que o Estado negligencie ainda maisessa população em vulnerabilidade e, sustentados com o apoio popular, adotemedidas coercitivas, higienistas e diametralmente opostas ao que se preconizanos tratados internacionais de direitos humanos. A exploração midiática pautapaulatinamente a miséria e o temor associados a este tipo de comportamento.A ignorância ou interesses escusos elaboraram que o flagelo do crack assumiuproporções que fugiram do controle do governo dando a impressão que ocomportamento compulsivo no uso da pedra se espalhou como um vírus nasociedade brasileira, criando a popular, porém equivocada, epidemia de crackno país. Segundo o estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, do Rio deJaneiro, e coordenado pelo professor Francisco Inácio Bastos, existem aproximadamente370 mil usuários de cocaínas fumadas nas capitais nacionais.Essa pesquisa, embora tenha limitações metodológicas, como deixar de investigaroutras cidades que não sejam capitais, ou mesmo a restrição em avaliaro consumo especificamente em cenários públicos, mostra que este númeronão condiz com uma epidemia. Segundo os dados de outros diversos estudos

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