10.07.2015 Views

3rslkEbYP

3rslkEbYP

3rslkEbYP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Política de Drogas no Brasil: usos e abusos 135do crack, ou de qualquer substância, de provocar todas as mazelas alardeadaspelos meios de comunicação 30 .Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (RJ) 31 entre 2011 e junhode 2013, estima que hoje nas capitais brasileiras e no Distrito Federal temoscerca de 370.000 usuários de crack e/ou similares (merla, oxi e pasta-base),número que apesar de preocupante não nos autoriza a falar em epidemia. Osusuários de crack entrevistados nesse inquérito epidemiológico são adultosjovens (até 30 anos), cerca de 80% se declaram não brancos e 55% cursaramapenas o ensino fundamental. Nas capitais, a maior concentração desses usuáriosocorre na região Nordeste, e não no Sudeste, contrariando a percepção dosenso comum.Esses dados são indicativos e ainda não foram amplamente analisados, noentanto, já permitem desfazer alguns mitos. O da epidemia do consumo decrack alardeada pela grande mídia e que assegurou a legitimidade dos volumososgastos previstos no programa federal Crack, é possível vencer, centradona parceria público-privada com as comunidades terapêuticas. Programa que,aliás, foi lançado sem nunca ter sido discutido pelo Conselho Nacional dePolíticas sobre Drogas. Outro dado importante revelado por esse inquéritoé sobre a concentração dos usuários de crack e/ou similares nas capitais daregião Nordeste, o que confronta o apelo sensacionalista da mídia patronal aorepisar imagens degradantes das cracolândias paulistana e carioca.Os consensos forjados pela ideologia do proibicionismo (a epidemia docrack, o idealismo de um mundo livre das substâncias tornadas ilícitas, a guerracontra o narcotráfico em nome da pacificação conquistada pelas forças darepressão; a cultura do medo e da insegurança) contribuem para reforçar consciênciasreificadas produzidas pelo solo cotidiano da sociabilidade do capital.Nós, homens e mulheres comuns, distanciados das esferas do poder econômicoe político, tomamos a realidade como fato intransponível, como dado irrefutáveltal como se apresenta à nossa consciência imediata. O particularismo, a30Segundo a Pesquisa de Opinião Pública da Fundação Perseu Abramo, op. cit., 75% dosentrevistados se informam sobre drogas apenas pela televisão (p. 298).31Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil – Inquérito Epidemiológico. Fiocruz,Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Ministério da Justiça:2013.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!