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Política de Drogas no Brasil: usos e abusos 127condições de saúde e social dos usuários, todos fundamentais para dimensionarpossíveis danos à saúde e sociais decorrentes do consumo das diferentessubstâncias psicoativas e, consequentemente, indispensáveis para orientar políticaspúblicas na área.Pesquisa de Opinião Pública, realizada pela Fundação Perseu Abramo eFundação Rosa Luxemburgo (2014), revela a incorporação do que estamosdenominando de mito fundador. O crack é apontado como a droga maisperigosa por 40% dos entrevistados, a cocaína por 22%, a maconha por 15%e o álcool por 9%. As drogas espontaneamente mais mencionadas pelos entrevistadostambém são as ilícitas: maconha 33%, crack 30% e cocaína 17%. Taispercepções não correspondem aos estudos brasileiros 15 que indicam maiorprevalência de uso e de danos associados à saúde para substâncias lícitas, comoálcool e tabaco, por exemplo.Em face dessa apreensão mistificadora da realidade, no que tange à direçãoético-política das respostas formuladas pela perspectiva proibicionista, podemosidentificar, também sem grandes dificuldades, alguns de seus efeitos sobrea realidade social. Ao criminalizar a produção, a circulação e o consumo dealgumas substâncias psicoativas, o proibicionismo não apenas cria o mercadoilícito de tais produtos – e a violência a ele associada –, como também ofuscaos reais interesses econômicos e políticos que fomentam sua reprodução emescala global 16 . Na mesma direção, contribui para ocultar a relação orgânicaentre tráfico de drogas, tráfico de armas, corrupção e lavagem de dinheiro.Tal realidade pode ser confirmada pelas vultosas cifras que são movimentadasnesse rentável mercado. Do mesmo modo, a violência generalizada na sociedadebrasileira, com destaque para a violência policial, pode ser medida pelonúmero de mortes, infinitamente superiores às mortes diretamente associadasao consumo de psicoativos ilícitos.Entre 2001 e 2007, do total de óbitos (46.888) notificados por intoxicação,transtorno ou comportamento associado ao consumo de psicoativos,86,6% estão associados ao consumo de álcool; 6,3% ao consumo de tabaco;15Ver levantamentos realizados pelo CEBRID, op. cit.16RODRIGUES, T. Narcotráfico: uma guerra na guerra. São Paulo: Desatino, 2003.

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