10.07.2015 Views

3rslkEbYP

3rslkEbYP

3rslkEbYP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Problematizando a “epidemia do crack” e a exploração do punitivismo 161cionais da ONU de 1961, 1971 e 1988, que compõe o sistema de proibiçãointernacional das drogas.Os primeiros passos em direção a um mercado restritivo de drogas estãorelacionados diretamente a uma mudança de como as drogas passam a serpercebidos na virada do século XX. Segundo Taylor (1969), essa mudançade percepção esteve baseada a uma cruzada moralista antidrogas, encampadainicialmente pelos movimentos de cunho religioso com forte viés tradicionalde proteção de costumes religiosos, que associaram imagens simbólicas de degeneraçãoe desvio moral ao uso de determinadas substâncias.A estratégia de estigmatização e controle das drogas esteve altamente associadoao controle de determinados segmentos populacionais. Um exemplofoi a política norte-americana que associou o consumo de crack e cocaína aoaumento da violência, sob o argumento de que o uso dessas substâncias desencadeavamcomportamentos violentos. A popularidade da cocaína no séculoXX e, posteriormente, do crack, foi o pretexto para que se desencadeasse umprocesso de controle e repressão para os negros e latinos norte-americanos.Mena (2009) relata que o New York Times, um dos principais jornais de circulaçãonos Estados Unidos, publicou em 1914, que a cocaína provocava a cometerem“crimes violentos” e os tornavam mais resistentes às “balas policiais”(The New York Times, 8/2/1914). A articulação entre julgamentos morais,entre o “bem” e o “mal”, associados a determinados grupos étnicos, conformeaponta Silverstone (2006), contribuiu para a definição de “agendas de culturapública” (2006: 57), não apenas dando o suporte mas gerando uma demandapor ações punitivas.Até o final do século XIX, substâncias como cocaína, heroína e maconha,não eram classificadas e, tampouco percebidas, como drogas. O empreendimentodessa “cultura do medo” em relação às drogas no final do século XIX,teve por objetivo bloquear o consumo e o mercado de drogas capazes de alteraros estados de consciência. A mudança de visão meramente comercial para umdiscurso moral marcou a forma pela qual as drogas foram definidas, etiquetadas,estigmatizadas e controladas do último século até a atualidade.O sucesso de tal empreendimento moral é notado pela mudança da percepçãosocial sobre o tema, na forma como os Estados passam a considerar eresponder ao “problema” e, principalmente, nas discussões e fóruns interna-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!