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96 Drogas no Brasil – Entre a saúde e a justiçaMas tampouco esse questionamento ao Estado significa um entendimentoque prime pela autonomia do indivíduo. Se não cabe ao Estado legislar,também não é uma questão da alçada dos maiores interessados na discussão:somente para 11,6% das pessoas são os usuários que devem decidir sobre aspolíticas de drogas. Para 48,3% dos entrevistados essa é uma questão a serdefinida prioritariamente por profissionais de saúde, e para outros 26,4% éda alçada de operadores da Justiça (p. 303)– e temos aqui o duplo enfoquerepressivo referendado pela maioria?Para piorar – ou complexificar, vá lá – a situação, há ainda os dados relativosàs questões sobre um cenário supostamente pós-proibicionista. Casoas substâncias atualmente ilícitas fossem permitidas, 74% das pessoas achamque o consumo aumentaria; 66% acham que a violência cresceria; para 63%haveria aumento de corrupção e para 52%, dos preços (p. 309). Para outros53%, os grupos que se dedicam ao tráfico, e que só existem por conta da ilicitudeda conduta, incrivelmente se fortaleceriam com sua legalização (p. 310).Mesmo que quase dois terços das pessoas acredite que o consumo aumentaria,apenas 1% das pessoas afirma que ampliaria o consumo que atualmenteempreende ((p. 310).Moralismo, fetichismo ou desinformação?Diante do alto grau de incoerência ou contradição entre diferentes partes damesma pesquisa, feita com as mesmas pessoas, um possível viés de entendimentocrítico da situação poderia atribuir esse tipo de entendimento a umavisão primordialmente moral das causas e consequências da forma como tratamos,ou deveríamos tratar, a questão das drogas.Não é de se estranhar que o elemento moral paute de maneira significativa acompreensão e as posturas de uma parte considerável de nossa população, o quepoderíamos supor em parte pelo momento da pesquisa em que se aborda a religiosidadedos entrevistados. Evidentemente que uma correlação entre pertencera uma religião e agir de forma moralista seria bastante frágil, mas há uma claraimbricação histórica entre moralismos religiosos e a visão proibicionista, comoapontado anteriormente. Sendo assim, salta aos olhos que apenas 12% das pessoastenham se declarado sem religião e só 1% diga não acreditar em Deus.

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