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Drogas e opinião pública no Brasil: hegemonia da desinformação 95Impressionantes 3,6% das pessoas disseram beber todos os dias e, além disso,entre os que declararam consumir álcool habitualmente, 25% afirmarambeber mais de dez taças ou doses toda vez que consomem (p. 284)! Mesmodiante desse quadro, ou quem sabe por causa dele, parte considerável dos entrevistadosda pesquisa afirmou que prefere que o comércio e a produção debebidas alcoólicas sejam proibidos no Brasil.Há aqui o mesmo abismo entre realidade e solução proposta que o praticadopela lógica da guerra às drogas, não por acaso frequentemente qualificadacomo hipócrita. Inclusive, pois para as mesmas pessoas que defendem a proibição,sua execução é ineficaz: a prevenção atual é ruim ou péssima para 81% dosentrevistados, e boa ou ótima apenas para 4%; o tratamento é ruim ou péssimopara 74% e satisfaz apenas 7% e a repressão é ruim ou péssima para 76% dosentrevistados, sendo boa ou ótima para apenas 6% (p. 306). A doença estágrave, viva os atuais remédios ineficazes, parece dizer essa lógica pouco lógica.A convivência entre ineficácia do que atualmente está sendo feito comdefesa de manutenção dessa forma de pensar e agir é gritante também quandoanalisamos o fato de que as pessoas convivem com um número bastante altode usuários de drogas, sabem que uma pequena porcentagem deles é dependenteou faz uso problemático, dizem que não passaria a consumir uma substânciasó porque ela se tornou legal e mesmo assim acham que não é o caso demudar o proibicionismo.60% das pessoas declararam conhecer algum usuário de substância ilícita(p. 286), sendo que 12% já experimentaram maconha (p. 287)– Entre os quejá experimentaram alguma droga proibida, 96,6% nunca sentiram dificuldadede controlar o uso (p. 288). O acesso também parece ser bastante fácil, poisquase metade do total de entrevistados (47%) já esteve numa situação em queuma droga ilegal foi oferecida (p. 286).Além do consumo dessas substâncias ser, portanto, algo bastante comumna vida boa parte da população, nem metade das pessoas (47%) afirma quedecidir sobre o que cada pessoa ingere para alterar sua consciência é uma decisãoque cabe ao Estado. Para 39% essa é uma decisão individual, e outros10% acham que isso depende das circunstâncias e das substâncias. Ou seja,por uma pequena margem a maioria acha que não cabe, ou no mínimo nemsempre cabe, ao Estado decidir o que o indivíduo consome.

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