10.07.2015 Views

3rslkEbYP

3rslkEbYP

3rslkEbYP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

94 Drogas no Brasil – Entre a saúde e a justiçasocial de determinadas classes e setores sociais, operando com seletividade earbítrio, naquilo que Foucault (1977, p. 248) qualifica como “controle diferencialdas ilegalidades”.Incoerências do senso comumNos últimos anos, com o fortalecimento dos movimentos sociais antiproibicionistasno Brasil, processo no qual a Marcha da Maconha ocupa lugarpreponderante, e com o rompimento do consenso proibicionista em escalaglobal, com países como Uruguai e Estados Unidos buscando não mais proibir,mas regulamentar o comércio de maconha, a visão puramente repressivado consumo de substâncias ilícitas tem perdido força. Se isso não significa necessariamentea consolidação de um enfoque menos repressivo, afinal, comovisto anteriormente, o viés médico também é parte das ferramentas de controlee governo, pelo menos demonstra uma disposição maior da população emgeral para não mais enquadrarem o consumo de determinados alteradores deconsciência meramente como “caso de polícia”, como ainda é praxe no Brasil.Observa-se essa outra postura nos dados da pesquisa que indicam que cerca dedois terços da população (64%) são a favor que os usuários de drogas recebamtratamento médico e apenas 8% defendem que os consumidores de drogasilegais sejam presos (p. 300).No entanto, aqui há uma incoerência entre diferentes respostas da mesmapesquisa. Se apenas 8% acreditam que os usuários deveriam ser presos, nãose conclui a partir daí que as substâncias ilícitas deveriam ser tratadas comomedicamentos ou bebidas alcoólicas: apenas 12% das pessoas acham que amaconha deveria ter consumo e vendas permitidos, número que baixa para4% e 3% no caso de cocaína e crack, respectivamente (p. 307).Ou seja, se as pessoas não querem tratar os usuários de drogas como casode polícia, tampouco querem permitir que estes exerçam seu direito de seguirconsumindo. Neste caso, inclusive defendem a proibição do que já é legalhoje: 58% das pessoas defenderam impedir venda e consumo de tabaco, 57%de tranquilizantes e 42% de álcool (p. 307). E isso mesmo com o fato de quetambém 42% declararam que têm o hábito de beber, e mais 19% disseramque tinham, mas pararam (p. 283).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!