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Opinião pública, política de drogas e repressão penal: uma visão crítica 149vaga correlação, que se poderia igualmente aplicar ao álcool e ao tabaco (...). Nomais, a teoria da escalada não corresponde a nenhuma lógica farmacêutica tendoem vista que a cannabis (alucinógeno), a cocaína (estimulante), e a heroína (depressivo)não pertencem sequer à mesma família de psicotrópicos.Assim, o usuário de drogas ditas “pesadas” pode ter começado a usardrogas “leves” antes de aprofundar o seu uso, mas isso não significa dizerque todos, ou a maioria, dos usuários de maconha, por exemplo, passemnecessariamente para outros tipos de consumo mais danosos. Nesse sentido,vale destacar aqui as estatísticas trazidas pela pesquisa, em relação aocontato dos entrevistados com pessoas que usam drogas ilícitas que indicaque 60% deles conhecem usuários de alguma droga ilícita, dos quais 60%conhecem usuários de maconha, 36% de usuários de cocaína e 31% decrack (p. 286). Em relação ao uso pelos próprios entrevistados, a pesquisaindica que 12% experimentaram maconha e 5% cocaína e crack (p. 287),o que sugere que, segundo dados trazidos pelos entrevistados, um númerogrande de pessoas pode usar maconha sem consumir outras drogas posteriormentea esse primeiro uso.Além disso, é interessante observar que a percepção dos entrevistados ignoraum ponto crucial para compreender a lógica proibicionista: é o mercadoilícito que insere o usuário no circuito clandestino e o faz ter acesso a outrasdrogas, pois tanto a droga mais “pesada” como a droga “leve” são vendidaslado a lado, como, de fato, se verificou em investigação realizada no Rio deJaneiro, onde a maioria dos processos envolvia pessoas acusadas de tráfico decocaína e maconha, conjuntamente (Boiteux e Wiecko, 2009). De fato, nãoseria uma droga como a cannabis, que levaria ao uso de outras, mas sim afronteira da ilegalidade, que mistura drogas leves e pesadas, contribuindo paraa marginalização do usuário e seu acesso a outras substâncias. Nesse sentido,a política da Holanda, que separou o mercado da cannabis, tornando-o lícito,das demais drogas ilegais, teve efeito positivo. 44Para mais informações sobre a política de drogas nos Países Baixos, vide GRUND, Jean--Paul, BREEKSEMA, Joost. Coffee Shops and Compromise: Separated Illicit Drug Marketsin the Netherlands. Disponível em: . Acesso em 26 jun. 2014.

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